Por que Felipe Nasr “está fora” da Formula 1?

sexta-feira, 25 de novembro de 2016 às 16:06
Sauber

Sauber – Nasr e Ericsson

Muita gente não vai gostar do que vai ler abaixo, mas não me importa. Tenho que ser honesto comigo mesmo.

Primeiro quero dizer que curto F1 com ou sem pilotos brasileiros. Gosto do esporte, sou um apaixonado por ele, peguei aquele famoso vírus quando criança, assim como toda a equipe do Autoracing. Ninguém aqui no site trabalha apenas por dinheiro. O primeiro quesito sempre foi e continuará sendo a paixão pelo esporte.

Tem rodas, motor, volante, asfalto e disputas? Estamos dentro. É assim que funciona o Autoracing.

Hoje provavelmente perdemos o último brasileiro atualmente na F1. Com a saída do Banco do Brasil como patrocinador da Sauber, Felipe Nasr ficou numa situação praticamente insustentável na categoria. Só restam vagas na Sauber e na Manor, duas equipes pobres que precisam desesperadamente de pilotos que tragam grandes patrocínios, senão fecham as portas.

Como a crise no Brasil é muito grave, é bastante improvável que Nasr consiga alguma oura empresa disposta a entrar com no mínimo USD 15 milhões de patrocínio para bancá-lo numa dessas equipes, que por sinal andam atrás no grid e continuarão atrás em 2017.

Mas de quem é a “culpa” principal disso tudo? Ora, a resposta é óbvia; do próprio Felipe Nasr.

Quando ele entrou na F1 eu disse e escrevi aqui que ele precisaria trucidar o Marcus Ericsson para se manter na F1 indo para uma equipe de ponta. E isso não aconteceu. Foi pau a pau com o Ericsson o tempo todo. Ele não conseguiu se impor na equipe mesmo tendo o patrocinador principal, não a trouxe pra ele como fizeram os grandes pilotos quando começaram em equipes pequenas ou médias.

Ericsson não é um mau piloto, mas é médio. Como ele tem muitos. Então a coisa é quase matemática. Se você não consegue derrotar enfaticamente um piloto médio na F1, você precisa de patrocínio eternamente.

Para entrar na F1 é necessário patrocínio em 90% dos casos. E sempre foi assim, não pense que “antigamente só o braço contava”. A outra opção é conseguir um lugar num programa de jovens pilotos da Mercedes, Ferrari ou principalmente Red Bull e detonar nas categorias de base, inclusive destruir com os outros pilotos que fazem parte desses programas

Nasr recusou entrar no programa da Red Bull anos atrás e seguiu o caminho do patrocínio. Tudo bem, é um caminho. Se você tem patrocínio, inclusive é um caminho mais fácil do que disputar roda a roda com outros pilotos de programas sérios como os que citei das equipes acima.

Mas, uma vez que você entra na F1, precisa mostrar serviço imediatamente e consistentemente, senão você fica refém de seus patrocinadores para se manter na F1 em equipes que nunca disputarão sequer vitórias esporádicas.

A Formula 1 é uma máquina de moer gente. Pilotos, técnicos, engenheiros, chefes de equipe, até donos de equipe. Vejam o que aconteceu agora com Ron Dennis, um ícone da McLaren que foi simplesmente defenestrado pelos próprios sócios depois de tomar duas ou três medidas que jogaram a McLaren em desgraça nos últimos anos.

A F1 é um dos ambientes mais competitivos e cruéis do mundo, senão o mais. E todo mundo que está lá sabe disso, inclusive o Felipe Nasr.

Felipe Nasr não fez a lição de casa dele. Teve dois anos para isso, mas por várias razões não conseguiu provar que era muito superior a Ericsson, que repito, é apenas um piloto mediano.

Não estou dizendo que falta talento ou determinação a Nasr. O que estou afirmando é que ele não conseguiu mostrar isso. E a F1 não quer saber quais foram as razões. Você precisa entregar sim ou sim, é desse jeito que funciona.

Quais são as perspectivas futuras de pilotos brasileiros na F1? Poucas. A melhor é de Sérgio Sette Câmara, que está no programa da Red Bull e tem se saído razoavelmente bem. Mas antes dele a Red Bull tem outros que estão mais adiantados e provavelmente terão chance antes de Sérgio – como o francês de 20 anos Pierre Gasly, que disputa o título da GP2 neste final de semana -, a menos que ele, Sérgio, se mostre um fenômeno onde correr em 2017.

É isso aí. Não acabou ainda para Nasr. Pode acontecer um milagre. Possível, mas extremamente improvável.

Um abraço e até a próxima!

Adauto Silva

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