O que Alonso vai fazer em 2018

Fernando Alonso

Por: Adauto Silva

Após a McLaren ter conseguido um complexo acordo para se livrar do motor Honda no final dessa temporada, acordo esse que envolveu a Renault, Toro Rosso, Carlos Sainz e a própria Honda, muitos esperavam que a equipe anunciasse imediatamente a renovação do contrato de Fernando Alonso.

Mas não é bem assim. Nessa madrugada eu conversei com uma fonte antiga da McLaren e soube dos detalhes que ainda faltam tratar para a renovação, ou não de Alonso com a equipe.

Primeiro que Alonso só quer 1 ano de contrato, o ano de 2018. A McLaren quer três. Alonso já avisou que não assina por três anos de “jeito nenhum”. Não sabe sequer se assina por um ano ainda. Lógico que isso pode ser uma tática de negociação do espanhol, mas eu creio que não.

Acho que Alonso quer tentar mais uma temporada, mas ele quer saber detalhadamente quais são os planos da equipe para andar bem com o motor Renault, uma vez que o carro terá que ser inteiramente modificado para que a unidade de potência da Renault, que é bem diferente da unidade da Honda, se adapte perfeitamente. Repare nas entradas de ar da Toro Rosso, da Red Bull e do próprio carro da Renault, como são maiores nas laterais do que a da McLaren.

A unidade da Honda usa um radiador grande, enquanto a da Renault usa dois um pouco menores. Os componentes da unidade de potência da Renault tem outro arranjo comparado ao da Honda, o que muda o tamanho e a forma de várias peças, inclusive do coletor de escape, dos sistemas de refrigeração e outras.

Isso tudo força uma mudança radical na aerodinâmica do carro, que provavelmente é o item mais importante de um F1 moderno. E a McLaren já está três semanas atrasada no projeto do carro inteiramente novo que terá que fazer para a próxima temporada.

E Fernando Alonso sabe que seus principais adversários, caso ele continue na McLaren, serão os pilotos da Red Bull, que usam exatamente o mesmo motor que a McLaren vai usar, mas tem muito mais experiência com ele e ainda contam com o gênio da aerodinâmica Adrian Newey.

Isto quer dizer que se a McLaren não fizer um carro muito bom e totalmente adaptado ao motor Renault, Alonso já vai sair em desvantagem frente ao principal adversário. E isso sem contar as equipes Mercedes e Ferrari que, a não ser que alguma outra equipe encontre uma espécie de “ovo de Colombo”, devem continuar dominando a frente do grid em 2018.

Por esse raciocínio, minha fonte me disse que Alonso não quer disputar P7 nas corridas em 2018. Ele quer no mínimo disputar pódios com alguma chance de vitórias eventuais. E ainda tem a questão contratual de vários pilotos de ponta que findam seus contratos no final de 2018, como Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Daniel Ricciardo, todos eles presumo, inclusive Alonso, a fim de um assento na equipe Mercedes.

A McLaren está fazendo seus planos para convencer Alonso, e inclusive já o liberou para disputar as 24 horas de Le Mans, uma vez que o espanhol já tem uma oferta da Toyota.

Meu palpite é que Alonso assine com a McLaren por uma temporada e no máximo aceite colocar uma clausula de desempenho para uma extensão do mesmo, caso o carro ande acima das expectativas.

A McLaren não tem outra saída que não seja aceitar as condições de Alonso, uma vez que não há outro piloto de ponta disponível no mercado para 2018.

Na verdade nem é apenas uma questão de “piloto de ponta”, mas de outra maior. Existem três correntes na F1, incluindo pessoas não costumeiras no paddock, mas que trabalham a fundo e entendem bastante a categoria. Uma dessas correntes considera Alonso o melhor piloto do grid. Outra considera Hamilton. Mas a terceira e maior corrente é aquela que considera ambos como os dois melhores e tem muita dificuldade em escolher um dos dois como o melhor.

Eu me encaixo na terceira corrente, assim como essa minha fonte lá dentro, que já trabalhou com ambos.

E quem quer perder o melhor, ou um dos dois melhores pilotos do grid?

Adauto Silva
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