O plano de Toto Wolff

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016 às 14:02
Toto Wolff

Toto Wolff

O austríaco Christian ‘Toto’ Wolff chegou outro dia na Formula 1. Antes era um empresário muito bem sucedido nos negócios e um grande amante de automobilismo, especialmente Formula 1. Chegou a ser piloto na Formula Ford alemã, no italiano de GT e inclusive na FIA GT. Em 1994 venceu as 24 horas de Nürburgring em sua categoria, portanto não é um “curioso” no mundo do automobilismo.

Inteligente, ele possui duas empresas de investimentos em tecnologia. Uma de suas empresas criou um programa de gerenciamento de corrida para a Mercedes no DTM e foi assim que ele se envolveu com as flechas de prata. Em 2009 ele comprou ações da Williams F1 e passou a fazer parte do Conselho. Em 2012 foi nomeado Diretor da Williams F1. Em 2013 ele se tornou Diretor Executivo da Mercedes AMG Petronas Formula One Team e ainda adquiriu 30% da equipe. Logo a seguir ele vendeu os 15% que tinha da Williams devido ao óbvio conflito de interesses que ser sócio e executivo de duas equipes poderia gerar.

Paralelamente a tudo isso, começou a gerenciar a carreira de alguns jovens pilotos com seu sócio Mika Hakkinen, sendo Valtteri Bottas o principal deles, além, de Bruno Spengler e Alexandre Premat.

Agora, a equipe na qual ele é sócio e chefe perdeu seu campeão. Nico Rosberg resolveu se aposentar pegando todos de surpresa, inclusive Wolff.

Com isso, um dos assentos mais cobiçados da F1 ficou vago de uma hora para outra. O supercampeão Lewis Hamilton está sem companheiro de equipe.

Grande parte da torcida quer Fernando Alonso nesse assento e nossa enquete ativa hoje no Autoracing só confirma isso. A imprensa também e praticamente todo o mundo da F1 também, incluindo Bernie Ecclestone, que ainda é o manda-chuva da F1. Até os outros sócios da Mercedes querem Alonso, incluindo Niki Lauda e a própria Daimler. Lógico, quem não quer ver os dois pilotos considerados como os melhores pela maioria juntos novamente disputando cada centímetro de pista?

Wolff é o único que não quer. Ele tem outro plano.

A parceria Hamilton-Alonso pode ser demais para a cabeça dele, uma vez que além de serem pilotos que querem e podem conseguir ganhar tudo, ambos tem personalidade muito forte, o que já vimos na explosiva McLaren em 2007, quando Hamilton era apenas um novato e Fernando um bicampeão. Hoje Hamilton tem mais personalidade, mais confiança e ainda três títulos mundiais. Apesar de não ter medo de adversário nenhum dentro da equipe, o inglês não vai tolerar qualquer tipo de preferência a Alonso, conhecido por exigir privilégios em todas as equipes que passou.

Mas Hamilton não decide nada. Quem decide é a equipe, mas Wolff precisa ser convencido que essa dupla traria um retorno esportivo e de marketing absurdo para a Mercedes.

Toto já deu a dica hoje que o companheiro de Hamilton não será o Wehrlein – e nem poderia ser, pois ele é verde demais pra pegar um carro campeão tendo um predador como Lewis ao lado – e que assim como sempre soubemos, o favorito do Toto é Valtteri Bottas, apesar do favorito do resto de toda a cúpula da Mercedes ser Fernando Alonso.

O que vai acontecer a seguir é ver se Toto consegue impor a vontade dele a todos ou não. Eu gostaria que ele não conseguisse, mas o mais provável é que ele consiga. Tenho a fortíssima impressão que o plano dele é tirar o Bottas da Williams e dar um belíssimo desconto nos motores para a Claire por isso e ainda colocar seu pupilo Wehrlein lá por duas temporadas.

O problema é que tudo indica que Bottas não tem condições de desafiar Hamilton, muito menos no primeiro ano. Claro, Bottas tem muito potencial e pode crescer como piloto ainda, assim como aconteceu com Rosberg. Mas isso tem um tempo de maturação. Ninguém enfrenta um cara como Lewis Hamilton da noite para o dia, a não ser que seja um outro supercampeão como Alonso, ou um fenômeno como Verstappen.

Mas Verstappen parece fora de alcance. O contrato que a Red Bull fez com ele no meio desse ano promovendo-o da Toro Rosso para a Red Bull é de múltiplos anos e a multa é proporcional a isso, ou seja, gigantesca. Fala-se em mais de USD 70 milhões. É muito dinheiro, até para a Mercedes.

Apesar de pessoalmente não considerar Vettel capaz de desafiar Hamilton como Alonso ou Verstappen seriam, muitas pessoas não pensam como eu, portanto Vettel seria sim uma opção excelente e que agradaria a muita gente. Mas o próprio Vettel se colocou fora da disputa por esse assento, assim como preví na minha coluna anterior. Medo de perder? Confiança que sua Ferrari será capaz de vencer o título de 2017? Não creio que a Ferrari terá a menor condição de disputar o título de 2017, mas só vamos ter certeza disso lá para junho ou julho do ano que vem, talvez antes.

Mas calma, você que está aflito com isso, fique sabendo que ainda não está decidido. Wolff tem muito poder na Mercedes, mas não todo o poder. Ele precisa convencer Niki Lauda (10% da equipe), Andy Cowell, Paddy Lowe e a Daimler (60% da equipe), que seu plano é melhor para todos.

Tomara que não consiga!

Um abraço e até a próxima!

Adauto Silva

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