O futuro de Nelsinho Piquet

terça-feira, 11 de janeiro de 2011 às 19:41


Nelson e Nelsinho Piquet

Tenho procurado acompanhar a carreira do Nelsinho Piquet depois que ele saiu da F1. Sempre me interesso em procurar notícias sobre ele, sobre a categoria que ele vai correr hoje ou amanhã, acesso o site dele e até o sigo no twitter, embora ele não me siga [@adautoracing].

Fui um grande fã do pai dele e por conseqüência sempre me interessei pelos passos do filho. Vi o Nelsinho correr pela primeira vez de kart na Granja Viana anos atrás, acho que um ano depois dele se tornar campeão brasileiro de kart. Depois fui em algumas corridas dele na F3 Sulamericana, entrevistei-o por telefone quando ele estava na F3 Inglesa e depois quando já estava na F1.

A única vez que conversei com o Nelsinho frente a frente foi num evento que ele fez em São Paulo para anunciar sua estréia na GP2. Gostei do rapaz, gostei mesmo. Ele me pareceu sincero e tinha aquele olhar meio pressionado e ao mesmo tempo determinado, parecido com o do Christian Fittipaldi.


O carro da corrida desta sexta-feira

Eu acho que a carreira do Nelsinho foi muito bem administrada até ele chegar na F1. Depois foi um desastre e agora me parecem perdidos. Tê-lo colocado na mesma equipe com uma prima-dona como o Alonso e ainda por cima com o Briatore junto foi um erro que pode ser definitivo nas pretensões dele.

Nelsinho e Nelsão nunca pensaram numa carreira fora da F1. Durante toda a vida dele tudo que foi construído em volta era para chegar na F1 e um dia ser campeão. Mas ele cometeu um erro enorme ao bater propositadamente e depois um erro maior ainda ao confessar para punir Briatore.

No meu íntimo acho que esses erros todos foram muito mais culpa do pai do que dele. Faltou inteligência na escolha da equipe e do manager e depois força de caráter no episódio final. É muito fácil para um pai – ainda mais no caso dele – colocar a cabeça do filho no lugar certo e fazer com que ele tenha as atitudes certas. A ganância, ambição e a “malandragem” do pai passaram totalmente dos limites máximos aceitáveis e hoje o Nelsinho está aí… perdido numa categoria que no Brasil e na Europa “não existe” [Nascar – Truck Series] e com pouquíssimas chances de conseguir voltar à F1, lugar de onde ele nunca deveria ter saído.


Nelsinho se prepara para o oval noturno

Eu duvido muito que o Nelsinho vá parar na Indy, acho muito difícil que, depois da experiência para lá de traumática que o Nelsão teve em Indianápolis, ele deixe o filho andar a 360 km/h em monopostos em circuitos ovais. Mesmo que a categoria seja hoje muito mais segura – até enfadonha de tão segura – que era na época do Nelsão. Tenho certeza que com um carro bom Nelsinho bateria todo mundo lá com facilidade, afinal a tocada dele está num nível acima de todos ali.

O grande problema é que não há outra categoria de monopostos no mundo capaz de deixar o Nelsinho em evidência sem o enorme risco de se queimar. Se ele voltasse para a GP2, por exemplo, teria que vencê-la com o pé nas costas. E eu não tenho tanta certeza que o Nelsinho teria motivação para uma GP2.

A única categoria de Turismo que mantém um pouco “a mão” de monopostos é a DTM, que na verdade são monopostos carenados com corridas de tiro curto, pauleira o tempo todo. Os protótipos da ALMS poderiam ser uma opção, mas corrida de endurance também não tem nada a ver com Formula 1. Tá difícil… eu realmente lá no fundo tenho esperança de ver o Nelsinho de novo na Fórmula 1, pois para mim ele é um piloto de F1. Mas reconheço que o caminho de volta para lá é muito mais espinhoso do que foi na primeira vez.

Um abraço e até a próxima!

Adauto Silva
adauto@autoracing.com.br

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