NASCAR – Super Johnson é uma lenda

Jimmie Johnson

Colaboração: Victor Manoel de Oliveira Nunes

Nascido em El Cajon – Califórnia, Jimmie Kenneth Johnson, logrou no Auto Club Speedway em Fontana a sua 77ª Vitória na Sprint Cup. Contudo, a conquista anterior (76ª) em Atlanta foi um marco. O número per si é bem relevante, e o significado que representa a toda categoria, ratifica o quão #48 é fora de série.

“The Intimidator” ao longo das suas 676 corridas disputadas, venceu… 76 vezes. Isto explica o porquê a Nascar, os fãs do finado Dale Earnhardt e do “Six-Time” reverenciaram a ocasião. Afinal, não é qualquer prova ou campeonato que alguém iguala e a posteriori supera, uma marca mística.

O recorde na categoria, até hoje, pertence a Richard Petty, com incríveis 200 vitórias; seguido de David Pearson 105; Jeff Gordon 93; Bobby Allison e Darrel Waltrip com 84; Cale Yarborough 83. Em sequência, aparecem Jimmie Johnson e Dale Earnhardt.

Jimmie iniciou sua trajetória de modo, digamos pouco convencional. Na infância, começou a competir de motocross; em seguida, mudou-se para picapes, disputando no decorrer da carreira, provas off-road no deserto e de longa resistência. Até que surgiu a possibilidade de ingressar na segunda divisão da stock car americana pela equipe ST Motorsports em 1998.

Em quatro temporadas na Busch Series (atual Xfinity Series), sendo duas completas, pela Herzog Motorsports, apresentou desempenho mediano, conquistando 01 (uma) vitória em Chicago, finalizando a temporada 2001 no 8º lugar.

Percebendo o talento que deveria ser lapidado, o tetracampeão Jeff Gordon no intento de ajuda-lo, firmou parceria com Rick Hendrick, tornando-se proprietário do carro #48. Aproveitando o ensejo, a atitude de Gordon, além de evidenciar o caráter e espírito coletivo, pôde proporcionar uma das melhores histórias aos fãs da Nascar. Como toda boa amizade, desavenças aconteceram (disputa pelo título em 2007; Texas 2010, por exemplo); todavia, demonstraram que a cumplicidade e irmandade perpetuada prevaleceram sob os esporádicos, mas calorosos atritos.

Deveras constatar ainda que o piloto do carro 48 ingressou relativamente tarde na categoria (26 anos); fazendo algumas corridas em 2001 com o objetivo de preparar-se para o ano seguinte. Dado curioso: até a implementação do sistema de eliminação no Chase 2014, a pior posição de JJ (temporada completa) tinha sido o 6º lugar em 2011.

Importante mencionar que foi o segundo estreante a fazer a sua primeira pole position na Daytona 500. Era o início da longa jornada de recordes e domínio absoluto. E neste ponto, a sintonia perfeccionista e competitiva com Chad Knaus fez total a diferença. É semelhante a Ross Brawn e Schumacher (Fórmula 1) ou Daniel Elena e Sebastien Loeb (WRC).

Chad Knaus, estrategista brilhante de Illinois, ao contrário do que muitos pensam, não iniciou sua jornada na stock como chefe de equipe do 48. Antes, fez parte do grupo de Gordon entre 93 a 97; em sequência, assumiu funções na Dale Earnhardt Inc, e Tyler Jet Motorsports. Posteriormente (2001), surgiu a oportunidade de trabalhar como Crew Chief do piloto Stacy Compton pela Melling Race. O trabalho sólido rendeu o convite da Hendrick para 2002.

Mecânico inteligente, audacioso e polêmico. Conhecido por adotar estratégias ousadas, Chad labora de modo agressivo e no limite do regulamento no carro 48. Essa obsessão em conquistar milésimos de segundos de vantagem rendeu diversas punições e suspensões na Nascar (violações nas regras). Mas nada apaga o brilho das vitórias recentes.

A aludida parceria (driver e crew chief) nem sempre foi amistosa. Em 2005, depois de dois vice-campeonatos consecutivos, a relação deteriorou-se ao ponto de Rick Hendrick intervir, convocando-os para reunião na sua sala. Antes disso, vale destacar que a pressão por resultados elevados e o espírito competitivo estavam em cheque, determinando para quebra de confiança.

Uma vez que a comunicação entre ambos atingiu níveis intoleráveis, agindo como crianças em determinadas momentos, Rick, preparou a sala de reuniões com placas e guardanapos de Mickey Mouse, cookies, leites e começou a tratar Jimmie e Chad como crianças. Logo após a conversa franca e os ajustes pontuais, a guinada na trajetória deles foi impressionante.

Quem acompanha a categoria Norte Americana nota que Jimmie Johnson não é daqueles que pilotam no limite desde o início. Em recente entrevista a imprensa americana, ele afirmou: para chegar em primeiro, primeiro você deve terminar a corrida. Andar no limite não significa que você sempre irá conseguir ter sucesso.

Essa declaração corrobora que nunca devemos subestimar o “Six Time” quando estiver no pelotão de trás. A estratégia conservadora inicial denota um ataque iminente e voraz. E quando ele aparece meus caros… É melhor não imaginar!

Concordem ou não, apesar de Johnson ainda não ter conquistado os sonhados sete títulos, é um dos maiores pilotos de todos os tempos. Não tenho a intenção em fazer comparações, afinal, além dos regulamentos serem distintos ao longo de quase setenta anos de história da Nascar, cada um de nós possuímos concepções, e isso deve ser respeitado.

Vencer cinco copas consecutivas (2006-2010), no esporte considerado ultra competitivo e onde o imponderável aparece constantemente, é para poucos. Ou melhor, neste caso em específico, somente para JJ. Admirável perceber que Johnson e sua equipe não parecem saciados. Os acontecimentos do passado são somente do passado. À propósito, o esquadrão do sucesso chefiado por Chad Knaus já recebeu inúmeras ofertas para mudar de equipe. Todavia, o respeito mútuo, simplicidade, cordialidade entre eles, a começar pelo “protagonista principal” da história Jimmie Johnson; bem como o anseio pelo trabalho intenso e produtivo, prevaleceram sob todo e qualquer aspecto pecuniário.

É oportuno consignar que não sou hipócrita em afirmar que dinheiro é ruim. Muito pelo contrário, ele é ótimo. O dinheiro não destrói as pessoas, mas o modo como o ser humano utiliza, determina o grau de felicidade. Isto posto, fazer algo por paixão faz toda a diferença. A pecúnia é somente a consequência do trabalho bem feito; convergindo as forças no mesmo propósito. E todos na Hendrick Motorsports que cuidam do Chevy SS 48 cultivam esse espírito de juntos somos mais fortes… Ou será que os seis títulos são meros acasos da vida? Acredito que não.

Somos privilegiados em poder acompanhar esta lenda viva nas pistas da Sprint Cup quebrando recordes e quiçá obtendo mais títulos. O exemplo do profissionalismo, a humildade arraigada com o próximo, independentemente do seu nível hierárquico, não somente dignifica, mas transmite o sentimento aos acompanhantes da Nascar de merecimento por todas as láureas.

De forma que a sua trajetória como todo é pautada em disputas limpas na pista, Jimmie Johnson, ao “oferecer um ideal para os integrantes da equipe lutarem; eles assim o fazem sem hesitar. Percalços? Existirão. Entretanto, com o tempo, irão acompanha-lo ao sol; em retribuição, haverá significativa ajuda na realização de inúmeras maravilhas”, tal qual um legítimo Super Homem.

Curiosidades da Nascar:
*A Melling Race, Team em que Chad Knaus tornou-se Crew Chief no ano 2001 foi campeã da Nascar (1988) com Bill Elliott e da Daytona 500 (1985 e 1987);

*Dale Inman é considerado por muitos, como o maior Chefe de Equipe. Conquistou ao todo oito campeonatos. Sete com Richard Petty e um com Terry Labonte;

*No início da primeira temporada completa (2016), Chase Elliot conquistou a sua primeira pole, na Daytona 500;

*Jimmie Johnson é o único piloto que conseguiu a classificação para todos os Chases disputados, desde a sua criação em 2004;

*Atualmente, o piloto do carro 48 possui: 77 vitórias; 211 top five; 317 top tens; 34 poles, 02 vitórias nas 500 milhas de Daytona (2006 e 2013) e 06 títulos da Sprint Cup (2006-2010, 2013…) em 512 corridas.

Victor Manoel de Oliveira Nunes
Natal – RN

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