MotoGP & Mundial SBK – Fim de semana agitado!

quarta-feira, 30 de março de 2016 às 18:07
Grid Girls SBK

Grid Girls SBK

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

MotoGP e Mundial de SBK são inquestionavelmente as duas principais competições internacionais de motovelocidade. Existe uma miríade de outras provas e campeonatos com abrangência nacional ou continental, nos EUA a AMA (American Motorcyclist Association) promove eventos em todos os fins de semana, o campeonato britânico de Superbike é referência mundial para provas em circuitos e estradas. Aqui no território tupiniquim a confederação Brasileira de Motociclismo administra, entre outros, os Campeonatos Brasileiros de Superbike 1000cc e Supebike Light, além de promover anualmente as 500 Milhas de Interlagos, a principal prova de longa duração do motociclismo brasileiro, disputada nas distâncias de 100 e 500 milhas por equipes de 2 a 4 pilotos. O leque é extenso, mas o protagonismo, sem dúvida, é centrado na MotoGP e Mundial de Superbike.

As duas categorias têm semelhanças e diferenças. Algumas etapas são disputadas nos mesmos circuitos, a pontuação segue regras praticamente idênticas e a infraestrutura utilizada é muito semelhante. Existem, porém, diferenças fundamentais, a MotoGP é essencialmente uma competição de protótipos, e a Superbike é apoiada em modelos produzidos em série.

O Regulamento geral de competições da MotoGP para 2016 é chancelado por quatro entidades: FIM (Fédération Internationale de Motocyclisme), com sede na Suíça que organiza campeonatos e administra recordes de velocidade em duas rodas; Dorna Sports, multinacional de marketing e gestão desportiva com sede na Espanha que detém exclusividade nos direitos comerciais e televisivos da MotoGP; IRTA (International Road Racing Teams Association) com sede na Inglaterra e formada por todas as equipes, fornecedores de tecnologia e patrocinadores; e MSMA (Motorcycle Sports Manufacturers’ Association) que representa os interesses dos fabricantes envolvidos e tem sede no Japão.

O Regulamento da temporada 2016 do Mundial de Superbike é mais simples e não contém especificações técnicas detalhadas, basicamente indica o que pode ser alterado nos modelos de produção em série e é assinado pela FIM e DWO (Dorna World Superbike Organization), uma empresa do grupo Dorna com sede na Itália.

O Mundial de Superbike é dividido em classes para incentivar a concorrência entre fabricantes e pilotos de diversas faixas etárias. O conceito básico é o mesmo desde a sua criação em 1988, máquinas derivadas de modelos que tenham um número mínimo de unidades comercializadas. Existem quatro classes, na World Superbike, categoria líder, são permitidas algumas modificações em relação aos modelos encontrados nas revendedoras, gestão do motor, sistema de escape, suspensão, freios e um número limitado de peças do motor. A moto deve ter um peso mínimo de 168 kg e capacidade entre 750cc e 1200cc, dependendo do número de cilindros. World Supersport é uma classe intermediaria, equipamentos mais leves e menos potentes que os homólogos da World Superbike, com modificações mais restritas e cilindrada entre 400cc a 750cc, de acordo com o número de cilindros.

A Superstock 1000 contempla modelos praticamente idênticos aos encontrados nas estradas, é direcionada para formação de pilotos com limite máximo de idade de 28 anos e permite apenas um tipo de pneu com sulcos, o mesmo encontrado nas lojas. Este ano os promotores criaram a European Junior Cup, aberta a todos os pilotos que utilizam motos Honda CBR650F, uma classe orientada para pilotos mais jovens, idade entre de 14 e 21 anos (23 para mulheres), que tem como objetivo proporcionar um início acessível para carreiras profissionais, com a oportunidade de aprender em circuitos da classe mundial.

As motos participantes da MotoGP e categorias de acesso devem ser exclusivamente protótipos produzidos por membros da MSMA ou aprovados pela Comissão dos Grandes Prêmios da FIM. O campeonato mundial contempla 3 classes, a principal, MotoGP, especifica motores de 4 tempos, até 1000cc, 4 válvulas por cilindro, uso obrigatório de eletrônica padronizada fornecida pela Magneti Marelli e outras características orientadas para limitar a escalada de custos. A Moto2 emprega motores de 660cc fornecidos exclusivamente pela Honda e a Moto3 utiliza motores monocilíndricos de quatro tempos até 250cc. Pilotos na classe Moto3 não podem ter mais de 28 anos, ou 25 anos para novos contratados

Embora as disputas tenham um caráter internacional, o projeto e construção dos protótipos da MotoGP está concentrado principalmente em dois países, Itália e Japão. Dos 243 grandes prêmios disputados nos últimos 14 anos, desde que o formato desta categoria foi consolidado em 2002, os construtores japoneses venceram em 212 oportunidades e os italianos em 31. No que concerne aos pilotos também existe uma concentração de nacionalidades, espanhóis contabilizam 107 vitórias (41 do atual campeão Jorge Lorenzo), os italianos 86 (73 de Valentino Rossi) e o resto dividido entre o talento de Casey Stoner (38, australiano) e outros, incluindo 3 do brasileiro Alex Barros.

Seis campeonatos mundiais foram vencidos por um italiano (Valentino Rossi), cinco por espanhóis (Lorenzo 3 e Márquez 2), dois por um australiano (Stoner) e um por um norte-americano (Nicky Hayden). A atual temporada tem programadas 18 etapas, quatro delas em território espanhol e uma única na América do Sul (Termas do Rio Hondo, Argentina).

O Mundial de Superbike apresenta uma concentração semelhante quanto aos fabricantes que, embora em maior número, continuam restritos a dois países, das 28 temporadas já realizadas as motos italianas venceram 17 e as japonesas 11. Em termos de pilotos a distribuição é mais diversificada, britânicos e norte-americanos disputam o maior número de campeonatos com 9 troféus cada, o campeão mais laureado é o inglês Cal Fogarty com 4 títulos, o maior vencedor italiano é Max Biaggi com 2 campeonatos e Carlos Checa é o único espanhol que já ganhou uma temporada da Superbike. A modalidade promove 14 rodadas duplas por temporada, 3 em circuitos italianos, 2 na Espanha, 2 na Alemanha e em mais 7 países.

Nenhum piloto conseguiu ser campeão em ambas as categorias. Nicky Hayden almeja ser o primeiro, o norte-americano, campeão da MotoGP em 2006, assinou um contrato de dois anos com o WorldSBK Team Honda. Nicholas “Nicky” Patrick Hayden (nascido em 30 de julho de 1981), conhecido como “The Kentucky Kid”, fez história no MotoGP, mas sua mudança para WorldSBK é um retorno às raízes, ele conquistou o título AMA Superbike em 2002.

Na próxima sexta feira, 01/04, o ruído dos motores vai ecoar nas Termas do Rio Hondo na Argentina e em Aragón na Espanha. Na América do Sul está programada a segunda etapa do mundial de MotoGP, na abertura realizada sob as luzes artificiais do circuito de Losail no Qatar Jorge Lorenzo (Movistar Yamaha MotoGP) obteve um resultado impecável para a defesa de seu título, pole, volta mais rápida e posição mais alta do pódio. Não foi uma corrida fácil, a anunciada potência do motor Ducati de Andrea Dovizioso e o surpreendente desempenho de Marc Márquez (Repsol Honda Team) depois de todos os problemas enfrentados durante os testes pré-temporada prenunciam um ano cheio de surpresas.

Na Espanha os 100% de aproveitamento nas quatro provas das duas primeiras etapas elegeram as Kawasaki de Jonathan Rea e Tom Sykes como adversários a serem batidos. As provas anteriores sinalizaram que a Honda de van der Mark, a Ducati de Chaz Davies e outras equipes têm condições de desafiar os líderes e, como ensinou o multicampeão de F1 Juan Manuel Fangio: “Carreras son carreras”.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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