MotoGP – Maverick

domingo, 22 de janeiro de 2017 às 0:29
Maverick Vinales

Maverick Vinales

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

A origem do termo “maverick” é associada ao sudoeste norte-americano, grandes criações de gado, onde indica um bezerro sem marca separado da mãe. Em meio aos anos 80 seu significado foi potencializado pelo sucesso do filme “Top Gun”, estrelado por Tom Cruise, qualificando uma pessoa que demonstra independência de pensamento e ação, especialmente por se recusar a aderir às políticas do grupo ao qual pertence.

Maverick Vinales surgiu no mundial de motovelocidade em 2011 na categoria 125cc, alcançando quatro vitórias em sua primeira temporada e recebendo o troféu “Rookie of the Year”. Iniciou 2012 como um dos favoritos ao título do recém-formado campeonato de Moto3, venceu cinco corridas no início da temporada, porém sua falta de consistência associada a alguns infortúnios foram fatais para suas pretensões.

Estreou a temporada de 2013 vencendo as duas primeiras corridas, GP da Espanha e GP da França, nas provas de San Marino, Aragon e Phillip Island esteve na liderança até a última volta, mas nas três ocasiões foi ultrapassado por Alex Rins. Beneficiado por uma infelicidade de Rins e Luis Salon em Motegi, seu segundo lugar atrás de Alex Márquez no GP do Japão o habilitou para a disputa do título, conquistado na rodada final. Disputou a temporada de 2014 na Moto2, conseguindo 4 vitórias e repetindo o prêmio de “ Rookie of the Year”.

Maverick Vinales chegou à MotoGP em 2015, para compor a equipe de pilotos de fábrica da Suzuki que ensaiava o seu retorno às competições. Realizou uma temporada consistente pontuando em 16 das 18 provas, finalizou o ano em décimo segundo lugar, uma posição atrás de seu colega de equipe, o experiente Aleix Spargaró. Em 2016 subiu para a quarta colocação, atrás apenas do campeão Marc Márquez e da dupla da Yamaha, Rossi & Lorenzo.

Maverick Vinales assume a vaga de piloto da Yamaha com a ambição de ser, ainda este ano, campeão do mundo. Dono de uma técnica de condução semelhante a do conterrâneo que substituiu, prioriza resultados e não arrisca muito. Nas duas temporadas que disputou na MotoGP não existe registro de uma ultrapassagem mais audaciosa como, por exemplo, as realizadas Dovizioso na Austrália em 2015. Vinales tem pressa em pertencer a um clube muito exclusivo, o dos pilotos consagrados na MotoGP.

Só não está claro se ele já combinou com os russos. Os russos, neste caso, são o atual campeão do mundo Marc Márquez, que já provou ser um vencedor mesmo quando o equipamento não ajuda, Jorge Lorenzo, com uma Ducati que encerrou 2016 com ótima evolução e, principalmente, seu colega de equipe, Valentino Rossi.

Rossi mantém um histórico de triturar seus colegas de equipe, a única exceção até os dias atuais foi Jorge Lorenzo. Excluindo-se 2000 e 2001, quando era o único piloto da equipe Nastro Azzuro, em 2002 no seu primeiro ano na Repsol Honda abriu 146 pontos de vantagem sobre o companheiro Tohru Ukawa. Entre 2003 e 2008 sua pontuação foi muito próxima ao dobro dos colegas de box, Nicky Hayden, Carlos Checa, Collin Edwards e Jorge Lorenzo. Em 2009 a diferença entre o campeão Rossi e o vice Lorenzo foi de 45 pontos, ambos com o mesmo equipamento. Na temporada de 2010 Rossi acidentou-se no GP da Itália, ficou fora da disputa de quatro etapas e permitiu a ascensão da estrela de Lorenzo, que realizou uma ótima temporada e ganhou o mundial. Nos dois anos seguintes Rossi fracassou ao tentar restaurar o brilho da Ducati e passou longe dos holofotes, ainda assim contabilizou mais pontos que Nicky Hayden, seu parceiro na equipe da fábrica italiana.

O regresso de Rossi para a Yamaha encontrou Jorge Lorenzo consolidado com dois títulos mundiais e coincidiu com o início da carreira de Marc Márquez na MotoGP. Márquez venceu em 2013 e 2014, em 2015 Valentino Rossi perdeu uma chance real de retomar o título mundial ao protagonizar uma pantomina para tentar desestabilizar a concorrência, fantasiando um suposto complô ibérico. O ano de 2016 foi atípico, com um novo fornecedor de pneus, mudanças drásticas no regulamento e muita instabilidade de clima, é improvável outra definição de campeonato faltando três provas para o final.

A temporada de 2017 inicia com a proibição de “winglets” e com a Michelin contabilizando bastante quilometragem. A Yamaha tem a melhor base, provavelmente tenha o melhor equipamento e, por esta ótica, as aspirações de Maverick Vinales não são nenhum despropósito. Na apresentação do modelo 2017 da YZR-M1, dia 19/01, o discurso do manager Lin Jarvis e dos pilotos foi com ênfase na harmonia da família Movistar Yamaha, resta saber como o clima nos boxes vai evoluir quando ambos brigarem por colocações no campeonato.

Uma das leis não escritas da MotoGP é inflexível, o colega de equipe é o primeiro e maior adversário. Nos testes oficiais e privados realizados até agora, Vinales bateu Rossi. 2017 promete.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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