MotoGP – Brno 2018

quarta-feira, 8 de agosto de 2018 às 18:33

Brno 2018

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

O circuito de Brno na República Tcheca tem uma topologia diferenciada mesclando aclives e declives, neste cenário foi disputado o 3072º GP dos mundiais da FIM no último domingo. Mais de 84 mil pessoas compareceram ao vivo para acompanhar a décima etapa da temporada e assistiram a uma corrida muito disputada. Com um terço da prova realizada um grupo compacto de onze pilotos competia pela liderança, no final os três primeiros colocados foram separados por 0,378 segundos, a menor diferença registrada entre pilotos no pódio da MotoGP nos últimos dez anos.

Este resultado não foi uma surpresa, Brno é um traçado concebido para corridas de motos, a exemplo de Assen, Mugello e Phillip Island. Neste tipo de pista a estratégia é tão importante quanto o ajuste do equipamento e o talento do piloto.

A definição da prova só aconteceu nas últimas quatro voltas, com o protagonismo de Dovizioso, Lorenzo e Márquez na luta pela liderança e de Rossi e Crutchlow pela quarta colocação. Lorenzo tomou a segunda posição de Márquez faltando três voltas para o final, em uma manobra oportunista em que ultrapassou também o líder Dovizioso, porém perdeu linha ideal e permitiu que o italiano recuperasse a posição. Com os três andando juntos foi possível visualizar a diferença de comportamento os equipamentos Ducati e Honda, no plano ou declives Márquez encostava nas Ducati e nos trechos em subida o motor da moto italiana falava mais alto. Pela ótica do helicóptero, a diferença entre eles parecia uma sanfona abrindo e fechando.

Quem acompanhou a prova percebeu uma nova postura de Marc Márquez, mais preocupado com o campeonato que em colecionar mais uma vitória para suas estatísticas. Considerando os pontos já acumulados, com 4 segundos lugares e 5 terceiros o atual campeão só perderia o título se Rossi, que não ainda não venceu nesta temporada, enfileirasse 9 triunfos consecutivos. Em tempo, o espanhol esteve em oito pódios nas dez provas desta temporada.

O ambiente não está nada bom nos boxes da Yamaha, embora lidere o mundial por equipes com 3 pontos de vantagem sobre a Honda. Brno foi a 20ª corrida sucessiva sem vitórias, a equipe está muito próxima de seu recorde anterior de abstinência, 22 corridas entre 1997 e 1998. Rossi até lutou por um lugar no pódio, mas seu equipamento não permitiu por causa das dificuldades de sempre, desgaste excessivo de pneus e falta de aceleração. Seu colega Maverick Vinales, que foi envolvido em um múltiplo acidente e abandonou na primeira volta, ele e seu engenheiro chefe já não falam o mesmo idioma. O espanhol anunciou na sexta-feira passada que Ramon Forcada não continuará comandando seu box na próxima temporada, Esteban Garcia, atualmente na KTM, será seu novo chefe de mecânicos.

O fim de semana de Vinales só não foi mais complicado que o completo desastre que se abateu sobre a KTM. Sem contar com o piloto de testes Mika Kallio, afastado por conta de lesões, perdeu Pol Espargaró em um acidente que resultou na fratura de uma das suas clavículas no warm up. Bradley Smith não conseguiu utilizar o novo motor com o sentido do eixo de manivelas invertido, que durante os testes oficiais, apresentou quatro problemas diferentes. A equipe decidiu equipar a moto com o motor antigo por razões de confiabilidade (a KTM tem esta liberdade porque está no regime de concessões). Apesar de todo o esforço dos mecânicos, Bradley não chegou a concluir a primeira volta, envolvido por um múltiplo acidente no início da corrida. A lesão de Espargaró deixa a KTM sem tempo para encontrar um substituto para a sua corrida caseira no próximo fim de semana. O projeto da KTM RC16 que alternou altos e baixos nos dois anos da sua vida, em Brno amargou seu pior resultado.

No cômputo final entre os melhores colocados, a Ducati colocou seus pilotos nas duas primeiras e na sexta posição, a Honda em terceiro e quinto, e a Yamaha no quarto lugar. Três Ducati, duas Honda e uma Yamaha é um resultado que de certa forma espelha o sentimento que no momento atual o melhor equipamento nas pistas é a GP18 da Ducati, seguida da RC213V da Honda e da M1da Yamaha.

Pilotos de equipes oficiais ocuparam as quatro primeiras posições, o quinto e o sexto colocados, embora de equipes independentes, utilizam desenvolvimentos das versões 2018 de fábrica. A solicitação de Cal Crutchlow de equipar sua RC213V com o braço oscilante de fibra de carbono, já utilizado por Márquez e Pedrosa, deve ser atendida nas próximas provas. Com esta alteração o britânico acredita que seu chassi fique mais flexível e proporcione condições para obter melhores resultados.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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