Meus 10 melhores da F1 em 2011

A temporada de 2011 foi uma das melhores que já acompanhei nos últimos 35 anos. A presença de 5 campeões mundiais na pista, a volta do KERS, as novidades do DRS e da Pirelli tornaram a Formula 1 ainda mais complexa e trouxeram de volta as ultrapassagens, que tem sido o grande problema da categoria nos últimos 15 anos.

Poderia ter sido melhor? Lógico que sim, sempre pode. O fator que mais deixou a desejar foi a falta de um companheiro de equipe mais forte para Sebastian Vettel, que acabou conquistando o título com grande facilidade. Mas fora isso, se você olhar corrida a corrida, vai lembrar que elas foram muito boas, muito disputadas, principalmente do segundo colocado para trás, onde muitas brigas de grande qualidade aconteceram em praticamente todas as pistas.

Veja o meu ranking pessoal dos pilotos em 2011:

1.  Sebastian Vettel: Nenhum piloto domina uma temporada com tamanha tranqüilidade se não tiver o melhor carro. Mas poucos a dominam como o campeão de 2011. O jovem alemão ganhou 11 corridas, que só não foram 12 devido a um de seus raríssimos erros, que aconteceu justamente na última volta do GP do Canadá quando liderava. Numa Formula 1 com cinco campeões na pista e com carros quase inquebráveis, Vettel não ganhou nada de presente. Teve que dar seu máximo sempre, em todas as classificações e todas as corridas. Pra mim seu momento de gênio se deu em Monza, onde teoricamente não tinha um carro para vencer, mas com uma ultrapassagem absolutamente histórica sobre Fernando Alonso na Curva Grande, por fora e com duas rodas na grama, e uma relação de cambio totalmente improvável, Vettel desafiou e venceu a lógica, que sempre é coisa para muito poucos.

2. Jenson Button: Este é outro que desafiou e venceu a lógica. Quando Button resolveu sair da equipe campeã e ir encarar Hamilton, o homem que venceu o bicampeão Fernando Alonso quando estreou na F1, todos o chamaram de louco. Sua carreira seria exterminada pelo “protegido” da McLaren. Ele seria humilhado impiedosamente pelo piloto mais rápido do mundo. No primeiro ano já foi um espanto, uma vez que nada disso aconteceu, Button sempre esteve muito perto de Lewis Hamilton. Mas 2011 provou que Jenson é um piloto extra-classe, um cara rápido e inteligentíssimo, que conseguiu cativar o paddock, a imprensa e principalmente a equipe, incluindo o próprio Lewis, que perdeu em 2011 sem estrilar e sem desculpas. Foi o melhor ano da carreira de Button, que foi o único piloto que conseguiu ameaçar Vettel consistentemente a temporada inteira, mesmo sem nunca ter um carro a altura do campeão. Sua vitória no Canadá foi antológica.

3. Fernando Alonso: O espanhol é bravo, mal educado, chato e pentelho? É sim. Mas é também um urso atrás do volante. Alonso alia velocidade e regularidade de forma impressionante. Em classificação ele não chega a impressionar tanto, mas em ritmo de corrida talvez ele seja o melhor da categoria. Se seu carro é bom ele é quase imbatível em corrida, mas mesmo com um carro “meia boca” – como foi a Ferrari deste no -, Alonso é um osso duríssimo de roer e seus 10 pódios deste ano comprovam isso. Fernando é simplesmente implacável, tanto na pista quanto no box. A posição natural da Ferrari de Alonso em 2011 seria disputar o quinto lugar com Massa, atrás das duas Red Bulls e das McLarens, mas ele superou Massa facilmente e de quebra Webber e Hamilton. Sim, ele terminou a temporada 1 ponto atrás de Webber, mas a vitória do australiano em Interlagos não enganou nem minha avó.

4. Heikke Kovalainen: Enquanto Vettel potencializava toda e qualquer oportunidade lá na frente, Kova fez o mesmo em circunstancias muito menos favoráveis lá atrás. Quase ninguém olha para a parte detrás do grid, mas eu gravo todas as corridas e depois as assisto mais uma ou duas vezes. Além do massacre de 16 x 2 em cima de Trulli, Kova quase sempre andou entre ou muito perto de carros muito melhores que o seu durante as corridas. O finlandês tira tudo e mais um pouco de seu limitado equipamento, que é cerca de 5 segundos por volta mais lento que os da frente e 2 a 3 segundos que os do meio do pelotão. É uma judiação Kova não ter um lugar nas melhores equipes. Em 2011 eu tenho convicção que ele teria feito muito mais que vários pilotos fizeram nas equipes de ponta.

5. Adrian Sutil: Sutil foi o “melhor do resto”. Sem carro para ganhar de Red Bull, McLarens, Ferraris e Mercedes, mesmo assim o alemão fez uma segunda parte de temporada brilhante, muitas vezes aparecendo na frente de carros muito melhores. Sutil não começou muito bem a temporada, inclusive andando atrás do novato Paul Di Resta em algumas classificações, mas logo após aquele incidente num clube noturno em Xangai, o alemão melhorou muito e hoje me parece um tanto bizarro que esteja sem um cockpit na Formula 1. Talvez aquele incidente tenha decretado  seu futuro na equipe e/ou na categoria, não importando o que aconteceu depois.

6. Lewis Hamilton: O campeão de 2008 venceu três vezes este ano – China, Alemanha e Abu Dhabi, e só por isso sua posição não está pior neste ranking. Considero que foi a pior temporada dele na F1. Envolveu-se em muitos acidentes que, se não foram culpa totalmente dele, na maioria dos casos ele teve uma boa parcela da culpa. Todos esperam muito de Lewis Hamilton, inclusive eu, que o considero o melhor piloto do grid. Não quero que Hamilton perca seu instinto matador e tenho certeza que estou falando em nome de grande parte de seus muitos admiradores, mas ele precisa começar a entender que quando não é possível vencer, tem que chegar o mais na frente possível. Hamilton teve o que aprender com Button e espero que tenha aprendido.

7. Paul Di Resta: O escocês impressionou a todos. Di Resta foi piloto de testes da Force India em 2010, mas antes disso havia passado 4 anos guiando carros da DTM, que são totalmente diferentes de um F1. Sua readaptação a monopostos foi nada menos que impressionante, ainda mais no começo da temporada, quando conseguiu posições de grid melhores que seu experiente e ótimo companheiro de equipe Adrian Sutil. Apesar de algumas batidas durante o ano que poderiam ter sido evitadas, Paul marcou pontos em 7 corridas e terminou o ano praticamente empatado em classificação com Sutil, 9 x10, sendo a melhor delas em Silverstone, quando conquistou um brilhante sexto lugar no grid de largada.

8. Nico Rosberg; O filho do grande Keke continua sendo um piloto difícil de avaliar, a eterna promessa. Seu carro não teve a menor condição de disputar contra Red Bulls, McLarens e Ferraris. Por outro lado sua Mercedes foi claramente melhor que os demais carros, portanto seu único adversário real na pista foi Michael Schumacher. Em classificação foi uma surra, com acachapantes 16 x 3 sobre o heptacampeão. Mas em corrida Schumacher conseguiu diminuir bastante a diferença e até chegar na frente vez ou outra, o que refletiu em apenas 13 pontos a mais no final do ano para Nico.

9. Felipe Massa: Foi um ano difícil para Felipe, que marcou menos da metade dos pontos de Alonso e não conseguiu nenhum pódio. A Ferrari teve o terceiro melhor carro do grid e Felipe terminou a temporada em sexto lugar, ou seja, fez o feijão com arroz. Mesmo que ele terminasse algumas corridas onde bateu com Hamilton e ficou sem pontuar,  o quinto lugar na tabela final não seria conquistado, já que ele ficou a mais de 100 pontos do piloto inglês.  Felipe não teve nenhuma corrida particularmente bisonha ou cometeu algum erro grosseiro, mas a diferença para Alonso foi dramática. Ele precisa melhorar muito se quiser ter seu contrato renovado pela Ferrari ao final de 2012, ou até mesmo para conseguir um assento competitivo em outra equipe, caso saia de Maranello.

10. Mark Webber: Teve um ano tão ou mais difícil que Massa, com a enorme diferença que sempre teve o melhor carro do grid. Enquanto seu companheiro de equipe venceu 11 vezes e se tornou bicampeão, Webber ficou somente com as migalhas da equipe deixadas para ele no GP do Brasil. Eu imagino que ele só continua na Red Bull em 2012 por agradecimento da equipe por alguns serviços bem prestados em 2011 (que serviços são esses só a Red Bull sabe…). Eu acho que tanto Sebastian Buemi como Jaime Alguersuari, ambos dispensados inadvertidamente da equipe-escola Toro Rosso, fariam mais que o “aposentado” Webber vai fazer em 2012.

Adauto Silva

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