Liguem os Motores

Red Bull e Mercedes

Colaboração: Flávio M Peres

Respeitável público, vai começar a brincadeira! O coração já bate mais forte com a proximidade do GP da Austrália de 2018, abertura do campeonato de F1. E, ao que parece, com grande equilíbrio, ao menos, entre as 3 principais equipes, pela ponta. Mercedes parece estar um pouco mais rápida, porém, a Ferrari deu indícios de consumir menos dos pneus. A Red Bull está bem próxima, e, talvez, ao contrário do que pareceu na pré-temporada, pode estar junta às outras duas: Newey voltou a se envolver de maneira mais próxima, e a equipe conseguiu resolver um velho problema de logística dos anos mais recentes, iniciando o desenvolvimento no tempo certo, e, também, o motor Renault parece não ter trabalhado a pleno até agora.

No papel de colaborador, torcedor, posso arriscar um pouco mais, especular. As três equipes da frente vão andar juntas, já no GP da Austrália, arrisco o palpite. Pela escolha dos pneus para a prova, a Mercedes confia mesmo na durabilidade de seus motores, e, ao invés de economizá-los, vai é pra cima, ainda que tenha de gastar um jogo de pneus a mais. A Ferrari deixou uma porta aberta para a escolha de uma tática conservadora na prova (ao menos com Kimi). A Red Bull, em seus melhores momentos, mostrou carros extraordinariamente equilibrados e parece que vai repetir a dose, o que pode lhe ajudar a alcançar e enfrentar as outras duas equipes no decorrer das provas.

Quem será a quarta força? Pelo investimento, eu diria que a Renault, que conta com dois excelentes pilotos (Hulkenberg e Sainz Jr), além, claro, dos conhecimentos de seu empregado Marcin Budkowski, que foi chefe técnico da FIA… Entretanto, por isso mesmo, vão disfarçar um pouco e o seu crescimento vai ser muito grande, vencida a primeira fase do campeonato. Vou levantar uma lebre, que não vi em qualquer site do mundo: a Toro Rosso pode vir a ser a grande surpresa do campeonato. Poxa, mas muita gente comentou que eles foram bem nos testes, e que podem fazer um bonito no meio do pelotão. Desculpa, quem vai fazer um bonito no meio do pelotão é a Haas com essa versão emprestada da Ferrari SF70h de 2017 e adaptada para 2018. A Toro Rosso pode vir a ser a surpresa do campeonato por um outro motivo: foi a única equipe que preparou o carro para ser gentil com o motor (unidade de potência, eu sei…). Com a limitação de 03 (três) unidades motrizes para o ano inteiro, eles podem ter acertado na mosca, ao ajudar a Honda e ter-lhe oferecido liberdade total em relação a instalação no carro (chassi e aerodinâmica). Falta piloto, é verdade, mas como é o mais bem refrigerado, bem cuidado motor da temporada (em relação ao carro), e as disputas devem ser severas lá na frente, existe a possibilidade de muitas quebras e a equipe de Faenza pode colher frutos inesquecíveis. Quem viveu o passado e viu Emerson Fittipaldi e Alain Prost nadarem de braçada na quebra dos outros, sabe muito bem do que estou falando.

Da mesma maneira que a Haas se beneficiou do carro da Ferrari do ano passado, a Williams parece ter feito o mesmo em relação ao carro da Mercedes de 2017 (cópias bem feitas, assemelhadas, para ser politicamente correto). Porém, é bom lembrarem que se trata da “diva”, um carro difícil de acertar. Com seus pilotos inexperientes, isso deve ser um tormento. Porém, o carro já demonstrou ter bom desempenho em long runs. Stroll deve continuar fazendo primeiras voltas fantásticas e pode dar mais um passo como piloto. Aliás, vai ser divertido ver os dois garotos da Willians aprontando, bem como o Alonso voltando a pé para os boxes, em algumas quebras de motor durante o ano. Os fãs do espanhol não precisam ficar bravos comigo, pois analiso que não é impossível que ele vença alguma prova na chuva ou a de Mônaco – caso seja realmente verdade que a McLaren já identificou seus problemas e sabe como resolvê-los. Outro que pode receber um presente dos céus, é o piloto “aposentado em atividade”, Kimi Raikkonen, passeando alegremente pelas pistas, enquanto os outros quebram os seus motores. Confesso que torço para Kvyat assumir seu posto durante a temporada, entretanto. Na impossibilidade de enfrentar Hamilton de igual para igual, Bottas pode lucrar com corridas e táticas inteligentes, respeitando o seu material.

A Force India é uma tremenda de uma incógnita: ela costuma desenvolver o seu carro durante a temporada e tem conseguido façanhas incríveis, ficando a dúvida do que será capaz de fazer este ano. Espero que liberem os seus pilotos, Ocon e Perez, para aqueles duelos incríveis. Seria muito interessante que Williams e Force India andassem bem emboladas lá pelo meio da temporada (votos de sobrevivência a todos os envolvidos, é claro). A Haas deve começar na frente da Renault, e a equipe francesa deve ultrapassá-la durante a temporada, com já dei a entender, e a Sauber continua sem graça, conquanto com um belo motor Ferrari. Verstappen disputa o campeonato e vai ser o escolhido da equipe, até porque Ricciardo parece de malas prontas para outra equipe, que, faço votos, seja a Scuderia de Maranello: combinaria de maneira maravilhosa com os italianos, e, se não fizer a besteira de assinar um contrato limitador, quando adaptado lá, poderá vencer Vettel mais uma vez (em uma batalha mais justa e interessante, do que aquela quando o alemão é que estava de saída da Red Bull, uma revanche em condições mais justas). Por outro lado, já que a Austrália é a casa dele e um belo mercado, “Sorrisão”, entretanto, deve ter chance de vitória no domingo. Ainda que a possibilidade seja pequena, seria uma maneira ótima de começarmos uma bela temporada.

Flávio M Peres
Poços de Caldas – MG

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