Kers, Cingapura e Ferrari

terça-feira, 11 de janeiro de 2011 às 2:16

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Kers, Cingapura e Ferrari

Aconteceram pelo menos três fatos interessantes neste final de semana da Bélgica. Vamos falar um pouco sobre eles. .

A primeira vitória graças ao KERS
A corrida de SPA foi totalmente atípica desde os treinos com Force India, BMW e Toyota andando na frente. Force India então nem se fale; uma equipe que fechava o grid de repente apareceu na frente de todo mundo. Mas a classificação de sábado poria tudo no lugar. Poria? Nada disso, lá estavam de novo as três equipes com as três primeiras posições! Só depois disso, em quarto lugar e com o carro mais leve do grid, aparecia a Brawn de Rubinho. Red Bulls, até então as favoritas em SPA, estavam apenas com a oitava e nona posições respectivamente. Lewis Hamilton em décimo segundo e o líder do campeonato Jenson Button numa longinqua décima quarta posição. A corrida prometia.

Logo na primeira volta o suíço Grosjean fez um strike na freada da Les Combes e por isso ele e mais quatro pilotos saíram de combate, incluindo Button e Hamilton. Rubinho, que tinha tudo para tirar grande diferença de pontos para Button, teve nova pane de largada no carro e contornou a La Source em último lugar. Apesar disso, ele fez uma grande primeira volta ultrapassando meia dúzia de adversários e conseguindo se livrar do problema causado por Grosjean, que deu início a uma bandeira amarela e a entrada do safety-car na pista.

Depois disso a expectativa que seguraria a corrida seria a disputa entre Davi (Fisichella de Force India) e Golias (Raikkonen de Ferrari). Mas logo que a corrida foi reiniciada Golias usou um porrete (KERS) e passou por cima de Davi na primeira reta! A idéia era que Raikkonen fosse abrindo de Fisichella e tivesse uma das vitórias mais tranquilas de sua carreira. Mas nada disso aconteceu. Fisichella surpreendentemente acompanhou muito de perto a Ferrari de Raikkkonen até a bandeirada. Fisico não conseguiu pressionar de fato Kimi e tentar uma ultrapassagem porque nas retas o piloto da Ferrari acionava o KERS e deixava a Force India um pouco para trás. Isso mostrou claramente que tivemos a primeira vitória do KERS na F1, um sistema sensacional que armazena a energia gerada pelas freadas e a entrega de volta para o motor gerando potencia extra limpa e sem gastar um pingo a mais de combustível. Imaginem esse sistema mais desenvolvido e colocado em carros de série, principalmente os de motor 1.0 que clamam por mais potencia!

E não é só isso. Ano que vem os carros não poderão mais reabastecer, ou seja, o KERS será mais importante ainda. Por enquanto Ferrari e Mclaren estão muito na frente no desenvolvimento desse sistema e terão grande vantagem sobre as outras equipes, que não acreditaram que a potencia sem aumento de consumo de combustível que o KERS geraria, seria suficiente para compensar o peso extra do sistema.

Veja Raikkonen usando o KERS para ultrapassar Fisichella:

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Imbróglio no GP de Cingapura 2008
Durante a transmissão da corrida de SPA pela Globo, o jornalista Reginaldo Leme trouxe à tona uma notícia absolutamente bombástica; a de que a FIA estaria investigando uma suposta manipulação de resultado no GP de Cingapura ano passado. No cento da questão estaria o chefe da equipe Renault Flavio Briatore que, de alguma maneira, conseguiu que Nelsinho Piquet batesse o carro nos muros da pista para que Alonso vencesse a corrida.

A FIA confirmou que de fato a investigação existe, o que por si só já é um espanto. Manipulação de resultado já aconteceu várias vezes em inúmeros esportes, inclusive no automobilismo. Quem não se lembra de Jean Todt mandando Rubinho “Let Michael pass for the championship” na Áustria em 2002? Aquilo foi uma manipulação descarada que, alías, já havia acontecido na mesma pista com os mesmos personagens em 2001, quando Rubinho também teve que dar passagem para Michael Schumacher. O caso dessa vez parece muito mais grave porque houve um acidente. Nelsinho Piquet bateu no muro e não foi de leve, foi uma senhora panca!

É um caso complicado. Se houve algum tipo de manipulação, quem seriam os envolvidos além de Briatore? Por que Nelsinho se arriscaria batendo forte no muro quando tudo que precisaria fazer – para provocar a entrada do safety-car – seria dar uma rodada e desligar o carro no meio da pista? Fernando Alonso estaria ciente da manipulação? Quem levantou essa lebre para a FIA? Alonso tem fama de dedo duro, uma vez que entregou a McLaren de bandeja para a FIA em 2007. Seria ele capaz de inventar ou delatar (delação premiada) um caso desses para se livrar da Renault facilitando sua ida para a Ferrari? São muitas perguntas que somente a tal investigação talvez seja capaz de responder.

Relembre a batida de Nelsinho em Cingapura…

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Drama da Ferrari
A equipe mais famosa do mundo está tendo que enfrentar uma situação inusitada criada por ela mesma. Logo depois do acidente de Felipe Massa a Ferrari já começou a se enrolar. Primeiro tentou ressuscitar Schumacher sem ter a garantia que ele teria condições físicas e ainda achando que as demais equipes iriam aprovar treinos para a volta do alemão. Dançou, pois três equipes não aprovaram os treinos e então Schumacher teve uma providencial e insuportável dor no pescoço. Aí tinham que escolher algum outro piloto para substituir o substituto. As opções eram várias, afinal não existe piloto no mundo que não queira guiar para a Ferrari, até de graça. A escolha mais óbvia, mas não prudente, seria simplesmente pegar um de seus pilotos de teste; Luca Badoer ou Mark Gene. Mas por que isso não seria prudente? Simples, por causa da proibição de testes nenhum deles conhece o carro como deveria. Pior que isso, nenhum deles participa de uma corrida há muitos anos, principalmente Badoer, que está praticamente há uma década sem alinhar num grid.

Assim, de bate pronto, a Ferrari tinha Sebastien Bourdais e Nelsinho Piquet, ambos disputando a temporada atual até ontem. Bastariam os dois treinos de sexta-feira que antecedem qualquer GP para eles pegarem razoavelmente a mão do carro e não fazerem feio na corrida. Mas não, como a Ferrari estava realmente a fim de ressuscitar alguém, escolheu Luca Badoer e o que vimos tanto em Valencia quanto em SPA foi no mínimo embaraçoso. Resultado, eles só têm um carro na pista, já que Luca Badoer não tem a menor condição de levar a Ferrari aos pontos. Último nas duas corridas que participou. Agora vamos para Monza e a Mclaren já está nos calcanhares da Ferrari no campeonato de construtores e com dois pilotos capazes de marcar pontos. A Ferrari só conta com Kimi. Vai continuar assim ou vai trocar Badoer? Na minha opinião tem que trocar já.

Tudo indica que Fisichella será piloto de testes da Rossa ano que vem. Por que não ele? A Force India deve dinheiro para a Ferrari e tem um piloto de testes capaz de substituir Fisico sem dar vexame, Vitantonio Liuzzi. Além de tudo, dizem que a Ferrari não quer pegar alguém que tenha a possibilidade de correr em 2010 por outra equipe, assim o piloto não levaria algum segredo que eles tenham. Ora, o sonho de Fisichella sempre foi correr pela Ferrari, até de graça. Some-se tudo isso à tremenda competitividade que ele mostrou em SPA e pronto, temos o perfeito substituto!

Até a próxima!
Adauto Silva
dauto@autoracing.com.br

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