“Guerra civil” explode nos bastidores da Formula 1

segunda-feira, 10 de novembro de 2014 às 10:12

Fórmula 1

Na pista, uma batalha intensa e empolgante pelo campeonato mundial de pilotos que agora será decidida na última etapa teve sequência no GP do Brasil.

Mas, em Interlagos, o drama real estava ocorrendo nos bastidores. Com o fim de Marussia e Caterham, as próximas equipes independentes estão pedindo ajuda.

Segundo dois relatos de jornais, os auditores da Force India sugeriram que “a falta de evidências” de que a companhia pode sustentar a equipe é “uma grande preocupação”.

Sauber e Lotus também estão enfrentando problemas, e inclusive ameaçaram boicotar o GP dos Estados Unidos há pouco mais de uma semana.

Na ocasião, Bernie Ecclestone pareceu concordar com a alegação de que o sistema de distribuição de renda é injusto, e comentou-se que a CVC, proprietária da Fórmula 1, estava conversando com as equipes pequenas a respeito de um “fundo de luta” de 160 milhões de dólares.

Mas Ecclestone mudou seu tom dramaticamente no Brasil, chamando as conversas de “perda de tempo” e dizendo que as equipes precisam se acertar sozinhas ou abandonar a categoria.

Ele inclusive afirmou que as conversas que deveria ter com Donald Mackenzie, da CVC, foram canceladas. “Não é a posição delas decidir com quem eu falo”, disse Ecclestone.

Bob Fernley, diretor da Force India, confirmou que todas conversas sobre uma ajuda financeira foram encerradas. “Recebemos uma direção muito clara de que não há dinheiro na mesa”, declarou ele.

Ele sugere que há uma “agenda muito clara” em jogo, com Ecclestone, CVC e as equipes grandes conspirando para trocar as competidoras pequenas por clientes.

De acordo com o jornal The Times, um e-mail de alto nível foi distribuído e mostrou que Red Bull e Ferrari concordaram em acrescentar um terceiro carro às suas garagens no próximo ano.

Um porta-voz da Red Bull imediatamente negou, mas Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, disse: “Eles estão tentando expulsar equipes porque não precisam mais delas”.

Parece que a única concessão que Ecclestone está disposto a fazer pelas equipes em dificuldades é permitir que elas sigam o caminho escolhido pela estreante Haas em 2016 – comprar um chassi de uma equipe grande e sobreviver dessa maneira.

O britânico inclusive chamou as equipes que estão reclamando de “idiotas”.

“Você sabe o que as equipes me disseram naquela reunião? ‘Somos construtores’. Eu lhes disse que não podem se dar ao luxo de ser construtores. Talvez seja uma ideia ter outro campeonato além do de construtores”, declarou Ecclestone à Sport1 da Alemanha.

Ele quer dizer um campeonato mundial para “construtores” – Ferrari, Red Bull, Mercedes, McLaren e Williams – e outro para as equipes menores que possivelmente correriam com carros comprados e motores de especificações mais antigas.

Gerard Lopez, proprietário da Lotus, confirmou: “O fato é que estamos falando sobre terceiros carros, dividir o campeonato em duas categorias e assim por diante. Ao mesmo tempo, ninguém está tentando encontrar uma solução real para o problema. Todos só estão falando sobre coisas loucas”.

Ele previu que os terceiros carros seriam “a morte” da categoria.

“Olhando as propostas que foram feitas, temos de acreditar que existe alguma agenda”, declarou Kaltenborn a repórteres no domingo. “Quanto mais ideias assim aparecem, mais nós três temos a sensação de que talvez nossa presença seja indesejada para algumas pessoas e que a categoria deverá mudar radicalmente”.

Porém, Ecclestone insiste que seu plano na verdade é o modo mais sustentável de operar uma equipe pequena na próxima era da Fórmula 1.

“Você e eu poderíamos começar uma equipe nestas condições a um custo de 30 milhões de dólares por ano, e você receberia 48 milhões pelo décimo lugar no campeonato. Qual é o problema com isso?”

 

LS - www.autoracing.com.br

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