Gil de Ferran: A F1 é vítima de seu próprio sucesso

quinta-feira, 13 de agosto de 2015 às 9:28

Gil de Ferran

Gil de Ferran, bicampeão da Fórmula Indy, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e ex-diretor esportivo da equipe BAR-Honda, acredita que a Fórmula 1 se tornou uma “vítima de seu próprio sucesso”.

“A Fórmula 1 sempre será o auge do automobilismo”, declarou ele à revista alemã Auto Motor und Sport. “Mas está perfeita demais. Falta o fator humano”.

“Nas últimas duas décadas, investimentos enormes foram feitos na F1 e tudo melhorou quase ao ponto da perfeição. A meta tem sido eliminar erros e contratempos. Agora eu pergunto: restou alguma coisa ruim? Quando olho os carros no final do pelotão, tenho de dizer que até mesmo eles parecem muito bons”.

De Ferran disse que essa perfeição contrasta com os anos 80 e 90, que ele acredita ter sido a melhor era da Fórmula 1, já que os pilotos enfrentavam grandes dificuldades para domar monstros imperfeitos.

“Qualquer passo para trás naquela direção seria bom. Até na minha época, todos nós sonhávamos com a corrida perfeita. Conseguir a pole, largar bem, pilotar sem erros, cuidar dos pneus, dar uma volta no pelotão e vencer a prova. Infelizmente, as pessoas não querem ver isso”.

“Mas se você tem tudo o que precisa em suas mãos para planejar essa corrida perfeita, as coisas ficam perigosas. É a maldição do dinheiro na F1. Acredito que os pilotos de hoje ainda trabalham duro por essa prova perfeita, só é difícil ver de fora. Talvez não para mim, porque corri por 30 anos. Porém, é difícil para o espectador normal”.

No entanto, o brasileiro acha que a Fórmula 1 não deve se desesperar demais, pois ainda está entre os esportes mais populares do mundo.

“Quando estamos falando de problemas, tudo é relativo. Eu fui para Silverstone na sexta-feira de manhã e fiquei preso em um congestionamento – portanto, os problemas não podem ser tão grandes”.

Ele acredita que não seria inteligente para a categoria fazer mudanças radicais, principalmente se elas tiverem como base fundamental o que os fãs estão dizendo nas recentes pesquisas globais.

“Henry Ford disse uma vez que se ele tivesse perguntado o que as pessoas queriam, elas teriam dito ‘cavalos mais rápidos’. E se Steve Jobs tivesse feito o mesmo, ninguém teria lhe dito o smartphone. O que quero dizer é que, apesar da opinião dos fãs ser importante, o que você de fato dá às pessoas deve ser decidido por aqueles que comandam o negócio”.

 

LS - www.autoracing.com.br

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