Ferrari x Mercedes, essa é a briga!

terça-feira, 30 de maio de 2017 às 14:55
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel

Lewis Hamilton e Sebastian Vettel

Por: Adauto Silva

O título desse texto já diz quase tudo. O campeonato desse ano na F1 não é sobre companheiros de equipe, é sobre uma equipe contra a outra!

Por que estou dizendo isso? Porque estou vendo uma discussão interminável e com alguns argumentos completamente fora da realidade de torcedores do Vettel e do Hamilton.

O pessoal talvez não esteja mais acostumado com isso, já que desde 2010 a briga pelo título da F1 sempre foi interna. De 2010 a 2013 entre os pilotos da Red Bull e de 2014 a 2016 entre os da Mercedes. Então todo mundo gritava quando a Red Bull e depois a Mercedes pareciam estar privilegiando algum de seus pilotos. E eu também gritava, afinal a graça quando a briga é interna é justamente deixar seus pilotos se digladiarem na pista.

Tudo bem que às vezes o Alonso em 2010 e 2012 e o Hamilton em 2012 se metiam na briga de Vettel contra Webber, mas no fundo todo mundo sabia que eles não teriam chances contra uma Red Bull muito melhor que a Ferrari de Alonso e a McLaren de Hamilton.

Mas as coisas mudaram e as pessoas não perceberam!

O Hamilton disse que a Ferrari já escolheu seu primeiro piloto este ano! Lógico que escolheu, desde quando a Ferrari é trouxa? Quem entrega lá é o Vettel e o adversário dele não é o Kimi, mas sim o Hamilton, portanto nada mais lógico que a equipe comece a privilegiar o Vettel onde e quando puder.

Em 12 de abril, logo após o GP da China, quando Kimi teve mais uma performance ridícula – inclusive atrapalhando Vettel – eu disse que ele teria “mais uma corrida pra não virar capacho oficial de Vettel.”

Oficialmente ele ainda não virou, a Ferrari não declarou isso. Mas desde quando a Ferrari declara que está privilegiando algum piloto? Nem nos tempos de Schumacher, quando a coisa era escancarada, eles diziam isso. Mas depois de mais uma performance abaixo do medíocre em Mônaco, eu digo que a Ferrari tem obrigação de começar a privilegiar Vettel, se quiser aumentar muito suas chances de vencer o campeonato de pilotos deste ano, coisa que ela não consegue desde 2007.

Mas por que Hamilton disse o que a gente já sabe? Simples, porque ele tem dois objetivos ao fazer isso. Primeiro ele quer que a Mercedes faça o mesmo que a Ferrari vai começar a fazer. Ele quer os privilégios. E o segundo objetivo dele é jogar a responsabilidade toda sobre Vettel.

Ele está errado? Claro que não. O carro dele é pior que o da Ferrari, uma “Diva” como disse o próprio Toto Wolff. A suspensão é sentimental demais. Às vezes ela conversa bem com os pneus, mas às vezes não quer papo. E quando ela não quer papo acontece o que aconteceu em Sochi com Hamilton e em Mônaco com Bottas e Hamilton. Portanto, os pilotos da Mercedes, assim como os da Ferrari, não podem dividir os pontos. Vettel e Hamilton precisam de todos os pontos possíveis que seus carros possam obter independentemente de seus companheiros de equipe.

É raro tanto Hamilton quanto Vettel precisarem de seus companheiros de equipe. Hamilton precisou no Bahrain e a Mercedes entendeu. Vettel precisou na China e penou, porque a Ferrari não entendeu e deixou Kimi segurando o alemão na pista por quase 20 voltas.

Em Mônaco não houve nada. Kimi entrou antes para trocar porque o piloto que está na frente tem a prioridade em praticamente todas as equipes. Kimi usou sua prioridade e entrou antes. Ele podia ter dito que queria ficar mais, acelerar e tentar abrir uma vantagem mais confortável para Vettel. Ele não fez isso, mas Vettel fez. Sabendo que na pista de Mônaco ele não conseguiria ultrapassar Kimi ou qualquer outro carro razoável, o alemão fez a única tática disponível naquele momento. Acelerou muito enquanto Kimi parava e voltava com pneus mais frios e mais lentos, fez a volta mais rápida da corrida até aquele momento por duas vezes seguidas e ultrapassou Kimi no box.

Perfeito. Era isso que ele tinha que fazer. A Ferrari nem precisou dar ordem alguma. Mas dará daqui em diante. Se não for no rádio a coisa será feita no box antes da corrida, pois se ela não fizer isso correrá o risco de perder o campeonato para a Mercedes, que apesar de estar em desvantagem desde o início do ano, ainda tem condições de entender o “diálogo” que sua suspensão tem que ter com os pneus, ou trocar por uma nova, que aliás já está sendo desenvolvida.

Para a Mercedes a coisa é muito simples. Se ela não conseguir resolver a equação suspensão x pneus, a Ferrari será a favorita em todas as pistas e ela terá que contar com troca de componentes da unidade de potência no carro de Vettel, para que ele tome punições e ela tenha alguma chance ainda.

E a Mercedes também dará ordens, como já deu no Bahrain. Bottas não vai criar problemas. O objetivo dele está muitíssimo claro; ele quer renovar seu contrato para continuar na Mercedes. Para isso não adianta entrar em rota de colisão com Hamilton logo de cara. Tudo o que ele precisa fazer e está conseguindo, é andar muito perto de Hamilton e ajudá-lo quando for possível e necessário. Na Espanha ele também ajudou. Vendo que não tinha performance de motor (tinha voltado antes da corrida para o motor anterior, que já estava quase abrindo o bico) para acompanhar Hamilton, ele segurou Vettel na pista o quanto pôde. E fez isso sozinho, sem ordens da Mercedes.

E essa á uma grande diferença entre os dois finlandeses, Enquanto um é inteligente e quer subir na carreira, o outro está em franca decadência e tem se mostrado um verdadeiro tapado, que me desculpem seus torcedores.

Adauto Silva
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