Feliz ano velho

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011 às 1:55

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Feliz ano velho

No meio do ano de 2006 escrevi uma coluna intitulada “Vamos combinar, Bernie?” onde eu apontava quais eram os maiores problema da F1 em termos de espetáculo. O porque das corridas chatérrimas, o porque da falta de disputas acirradas, ultrapassagens, etc.

Os dois principais problemas, dizia eu, eram a absurda dependência aerodinâmica dos carros, e o controle de tração. Poderiam mexer em tudo, mas se não mexessem nestes dois ítens, não teríamos uma F1 emocionante. Pois bem, agora em 2009 ou seja, três anos depois minha teoria será posta à prova. Pela primeira vez em muitos anos, a F1 começará uma temporada onde a aerodinâmica dos carros atrapalhará bem menos o carro que vem atrás tentando ultrapassar e ninguém terá o controle de tração, como já aconteceu em 2008. Além disso, a volta dos pneus slicks também vai ajudar, já que vai aumentar a estabilidade mecânica do carro, que é algo muito mais “controlável” pelo piloto.

Em 2008, só pelo fato de não termos tido mais o CT, a temporada já foi muito melhor, tanto nas corridas em pista seca quanto principalmente nas com pista molhada, onde vimos uma série de troca de líderes, rodadas e recuperações de carro sensacionais. Fazia muitos anos que não víamos nada disso. Um amigo me lembrou ontem num bate papo, que poderia-se até culpar a falta do CT pela perda do título de Felipe Massa, já que ele cometeu dois erros no início da temporada que não cometeria se tivesse o CT. Pode até ser, principalmente naquela rodada em Sepang, quando claramente o Felipe acelerou demais no apex da curva perdendo a traseira e rodando para fora da pista…

O que a gente vai estranhar um pouco em 2009 será o aspecto dos carros, que ficaram bem esquisitos com enormes aerofólios dianteiros e “minúsculos” traseiros. Mas isso acostuma-se com o tempo. O fato é que sem o CT e sem tanta dependência aerodinâmica, o carro ficará muito mais a mercê do piloto, que poderá desfrutar muito melhor de seu arsenal de habilidades, todas desenvolvidas e aperfeiçoadas durante sua caminhada até chegar na categoria máxima.

Falando em categoria máxima, recebi alguns emails pedindo minha opinião sobre o que a F1 deveria fazer para atenuar os efeitos da crise mundial em suas equipes. A resposta é muito clara e eu sempre falei isso: gastar menos. Não é necessário gastar o que uma equipe de F1 gasta para ter um campeonato bacana, emocionante e com grande audiência. Você limita a gastança através do regulamento. Se ele é muito aberto, permite treinos quase sem limites, desenvolvimentos de todo tipo, se permite que uma equipe leve quase 200 pessoas para trabalhar num fim de semana de GP e etc, realmente os caras perdem a noção de grana. Quando está tudo bem e tem grana a rodo, ninguém fala nada, mas basta um suspiro de preocupação em relação a economia e pimba, a coisa desanda de uma hora para outra.

O caso da Honda é emblemático; equipe tomando pau de todo mundo, possibilidade de ser campeã cada vez mais distante, gastos enormes e crise na economia, não tem jeito, os caras saem mesmo. Sempre saíram. A Honda mesmo é a terceira vez que abandona a categoria. A Toyota e a Renault, se bobear vão para o mesmo caminho no final do ano que vem. Para dizer a verdade só a Ferrari que não abandona a F1, já que ela, como nenhuma outra, sempre linkou seu nome, seus carros e seu glamour à categoria. O resto, e que ninguém se engane, está na F1 por conveniência.

O fato é que a F1 precisa ter um campeonato que independa da presença de montadoras. Deixe-as irem e virem, mas façam um regulamento onde pessoas que tem corrida como seu negócio principal, como sua paixão, tenham reais chances de vencer e ganhar dinheiro. Gente como Frank Williams, que é o único dessa turma que restou, é o que a F1 precisa como donos de equipe. Algumas poucas medidas foram tomadas a toque de caixa nos últimos dois meses; redução drástica de treinos e um motor para três corridas ao invés das atuais duas. Em compensação a introdução do KERS (Sistemas de Recuperação de Energia Cinética) vai criar um baita custo que não existia antes. Seria muito mais sensato adiar a introdução desse sistema e pensar em outros ítens que poderiam economizar mais ainda ajudando o espetáculo. Mas isso fica para uma próxina coluna…

Quero me despedir de 2008 desejando um 2009 muito melhor para todos, cheio de amor, saúde e dinheiro no bolso. Quero também agradecer a todos os internautas, amigos, parceiros e anunciantes que neste ano ajudaram o Autoracing a mudar de patamar de audiência, tornando-se um site de relevância mundial na internet.

Um abração e nos falamos em 2009!

Adauto Silva
adauto@autoracing.com.br

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