F1 – Saída da McLaren pode ser um golpe fatal na Renault

sábado, 28 de setembro de 2019 às 17:43

Renault

A equipe de Formula 1 de propriedade da montadora francesa Renault perdeu 48,2 milhões de dólares de seu patrocínio desde que se envolveu em um escândalo no GP de Cingapura há uma década, de acordo com novas estimativas.

A FIA determinou que a equipe vencedora daquela corrida em Cingapura foi culpada em manipular o resultado da corrida, quando Flavio Briatore mandou que o piloto Nelson Angelo Piquet batesse deliberadamente num muro da pista numa tentativa de aumentar as chances de seu companheiro de equipe Fernando Alonso.

A equipe Renault na época precisava de uma vitória, uma vez que a direção da empresa francesa estava ameaçando abandonar a F1, caso os resultados em pista não melhorassem. Então Flavio Briatore apelou, conseguindo convencer e chantagear um garoto sem experiência como Nelsinho a participar de um plano diabólico, que culminou com o fim da carreira de ambos na F1. Briatore foi expulso oficialmente da categoria e Nelsinho nunca mais conseguiu um assento na F1.

O veredicto da FIA alimentou um êxodo de patrocínios da equipe, incluindo a gigante bancária ING, a seguradora espanhola Mutua Madrilena e, finalmente, a própria Renault. Ela vendeu o controle da equipe para a empresa de private equity Genii em 2009 e registrou uma perda de USD 169,1 milhões, conforme revelou a Forbes.

O gráfico abaixo mostra que na última década o patrocínio da Renault chegou a 124 milhões de dólares em 2009 e, embora o escândalo seja antigo, a receita da equipe através de patrocinadores nunca se recuperou.

As perdas aceleradas levaram a Renault a comprar a marca de volta por USD 1,20 no final de 2015, como revelou o jornal britânico Daily Telegraph e seu desempenho melhorou constantemente desde então. No primeiro ano de posse da equipe, a Renault ficou em P9 e subiu três posições em 2017.

A tendência de alta continuou no ano passado, quando terminou em P4 e, embora atualmente esteja um ponto abaixo disso, no início deste mês teve o melhor resultado desde a mudança de propriedade. Isso aconteceu quando o piloto australiano Daniel Ricciardo levou seu Renault para o P4 no GP da Itália, apesar de entrar na corrida de amanhã na Rússia em P10.

Fora da pista, o desempenho da equipe está longe do ideal. Como o London Evening Standard revelou recentemente, houve um prejuízo antes dos impostos de USD 9,5 milhões no ano passado, impulsionado por um aumento de custos de USD 22,6 milhões. Cerca da metade veio da adição de 70 novos funcionários, totalizando 676. O restante foi devido a USD 12 milhões em melhorias nos ativos da equipe, incluindo sua sede na Inglaterra.

Seus custos serão acelerados este ano pelo alto salário pago a Ricciardo, que ingressou na Renault no início desta temporada. Desde então, ele foi processado por seu ex-gerente Glenn Beavis, que quer uma parte de seu salário que chega a USD 27,5 milhões por ano, de acordo com os documentos legais. Isso faz de Ricciardo o terceiro piloto mais bem pago da F1, mesmo que nunca tenha vencido o campeonato.

No ano passado, o aumento nos custos da Renault superou um aumento de 7,6% na receita proveniente de pagamentos de prêmios em dinheiro e um aumento no patrocínio. Sete marcas se juntaram à equipe, incluindo a empresa de roupas Le Coq Sportif e a cerveja espanhola Estrella Galicia, totalizando USD 75,8 milhões. No entanto, pouco menos da metade disso vem de empresas conectadas à Renault, então a imagem não é tão otimista quanto parece.

A Forbes tem uma visão única do valor do patrocínio da F1, liderando uma equipe que analisa os acordos há 15 anos. As taxas para cada contrato de patrocínio desde 2004 foram derivadas de centenas de entrevistas com referências cruzadas com milhares de registros da empresa. Os valores são baseados no tamanho, localização e número de decalques, além de outros benefícios recebidos pelo patrocinador e o desempenho da equipe no momento em que o contrato foi assinado.

Os resultados foram compilados no novo banco de dados de patrocínios da Formula Money, o primeiro banco de dados “pesquisável” de valores de patrocínio da F1. O banco de dados não abrange apenas todos os acordos de patrocínio de equipes desde 2004, mas também todas as parcerias da categoria, patrocínios-títulos, publicidade na pista e gastos do proprietário da equipe durante esse período.

No total, abrange mais de 6.000 negócios de 1.066 empresas, que pagaram um total de USD 30 bilhões. O patrocínio da equipe Renault gerou apenas 5% desse total.

Como revelamos recentemente, ao contrário de alguns relatos, a Renault não está confirmada para a F1 além do final de 2020 e hoje perdeu uma fonte valiosa de receita que poderia aumentar a chance de sua saída, a McLaren.

A Renault fornece atualmente as UPs (motor de combustão interna, MGU-K, MGU-H, CE, turbo e bateria) altamente sofisticadas da F1 à McLaren a um custo anual de cerca de USD 16 milhões. No entanto, a McLaren anunciou hoje que em 2021 mudará para os motores fabricados pela Mercedes, que venceu o campeonato de F1 nos últimos cinco anos consecutivos.

Isso significa que a Renault será o único fabricante de Unidades de Potência de F1 sem clientes e resta ver se isso a levará à bandeira quadriculada em seu tempo no esporte.

AS - www.autoracing.com.br

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