F1 REVIEW – Grande Prêmio da Austrália 2002

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 19:08
Montoya, Schumacher e Raikkonen

Depois de praticamente quatro meses apenas testando nos gelados circuitos europeus é um alívio para todos quando o circo desembarca na belíssima Austrália para a primeira corrida do campeonato mundial de Formula 1. O circuito australiano de Melbourne é utilizado desde 1996 quando tomou o lugar de Adelaide. Seu traçado se encontra dentro de um parque situado no centro da cidade que dá o nome ao circuito e é cercado pelo lago Yarra. É um traçado bastante interessante, pois, ao contrário da maioria dos circuitos de rua, ele não apresenta apenas curvas de ângulo reto e “ganchos”.

O treino de sexta-feira começou com a temperatura na casa dos 15º e templo nublado, já como um prenúncio do que viria a acontecer nos treinos de qualificação. Nessa altura, não tínhamos idéia ainda da supremacia da Ferrari, mas quando Schumacher e Barrichello terminaram na frente nos primeiros treinos, pilotando um carro híbrido (2001 e 2002), uma vaga imagem já começava a se desenhar sobre o grau de desenvolvimento dos carros de Maranello.

No sábado, como já era prevista, a possibilidade de chuva aumentara, porém o treino de classificação teve início com pista seca com a maioria dos pilotos saindo para suas voltas rápidas logo no começo da sessão por temerem a chuva que estava por vir. As duas McLaren foram as primeiras a irem para a pista, com o jovem Kimi Raikkonen estreando em um dos carros prateados.

Logo no começo uma bandeira amarela foi acionada por volta dos cinco minutos de treino quando Jacques Villeneuve e David Coulthard se chocaram provocando uma batida de Coulthard contra a parede. O choque foi causado porque o carro de Sato havia quebrado e estava precariamente estacionado às margens da pista. Menos de dois minutos depois o treino reiniciava.

Aos doze minutos de treino, depois de trocar de posição com Barrichello, Michael Schumacher faz o tempo de 1.25.848 o que lhe deu direito a pole provisória, porém, se a Ferrari ao dominar os treinos do fim de semana já mostrava uma ponta do seu favoritismo, Barrichello estava por mostrar que esse ano também apresentaria uma evolução surpreendente. Aos quatorze minutos de treino o brasileiro marca o tempo de 1:25.843 ficando cinco milésimos de segundo a frente do seu companheiro de equipe. Outro que mostrava que também não estava para brincadeira era o jovem Felipe Massa que ficava a frente de seu companheiro logo em sua estréia na categoria.

Claro que talvez nada disso tivesse acontecido se uma velha amiga dos pilotos, a chuva, não tivesse dado o ar de sua graça aos “patos” de plantão. Aos dezessete minutos os primeiros pingos começaram a cair na cidade de Melbourne tornando qualquer tentativa de marcar tempo impraticável devido às condições da pista.

Depois de meia hora de chuva ficou claro que não seria possível melhorar os tempos e a primeira posição do grid ficava com o brasileiro Rubens Barrichello, seguido por Schumacher, Ralf, Coulthard, Raikkonen e Montoya. O mais prejudicado foi Takuma Sato, que por ter seu carro quebrado não havia ainda marcado tempo quando a pista estava seca. Ele acabou terminando o treino acima do tempo limite estabelecido pela FIA.
Domingo, a hora da verdade. Para alegria de muitos o domingo havia amanhecido com sol e sem grandes possibilidades de chuva. Seria a hora de vermos se Barrichello conseguiria mesmo se manter à frente do alemão ou tinha apenas tido sorte. E ainda; iríamos ver se alguém conseguiria bater de frente com a Ferrari.
Bem, seria a hora de vermos isso…

A corrida começou com Barrichello pulando na frente e Ralf (que largara imediatamente atrás do brasileiro) colado na sua traseira. A medida em que eles se aproximavam da curva Fangio, ficava claro que não sairia coisa boa daquela briga. E não saiu. Em um dos lances mais espetaculares da temporada o carro de Ralf Schumacher subiu na traseira da Ferrari número 2 saltando do chão após o choque. Depois dessa batida Ralf roda e provoca a colisão de metade dos competidores, incluindo Felipe Massa que parecia que sairia livre da confusão quando foi pego involuntariamente por seu companheiro de equipe.

Como era de se esperar, Safety Car na pista. Dentre os que restavam na corrida estavam o alemão Michael Schumacher e o colombiano Montoya. Nesse momento a ordem dos carros era: David Coulthard, Jarno Trulli, Juan Pablo Montoya, Michael Schumacher, Eddie Irvine, Pedro de La Rosa, Takuma Sato, Mark Webber, Alex Yoong e Jacques Villeneuve. Heinz-Harald Frentzen, que havia ficado parado no grid, entrou na corrida.

A princípio todos pensaram que a corrida seria interrompida e teríamos uma outra largada, mas não foi isso que aconteceu. O Safety Car saiu da pista na volta seis e a ação voltou com David Coulthard mantendo a ponta. Na volta nove, Trulli rodou quando andava no limite para tentar segurar Schumacher que já vinha em sua cola. Pouco antes da passagem de número vinte o carro de David Coulthard começou a ter problemas fazendo com que o escocês desistisse de qualquer tentativa de começar o ano com uma vitória.

Depois de algumas poucas voltas o alemão já estava andando em segundo atrás do colombiano Montoya, mas o carro do colombiano apresentava um desgaste excessivo de pneus e o piloto da Williams não agüentaria manter-se à frente de Schumacher por mais muito tempo. E foi o que aconteceu.

Daí em diante o que se viu foi Schumacher abrir mais e mais vantagem sobre o colombiano até o final da corrida, com Raikkonen completando o grid em sexto lugar, subindo pela primeira vez ao pódio como piloto da McLaren.

Na opinião de alguns, os fiscais da prova erraram ao manter a largada como válida mesmo depois de metade do grid ter ficado fora da corrida logo na primeira curva. Errados ou não, o fato é que o acidente acabou por limitar as disputas de uma corrida que tinha tudo para ser ao menos um pouco mais interessante, mas que no final de divertido mesmo teve apenas a chegada do australiano Webber em quinto lugar, marcando os primeiros pontos da Minardi depois de anos, e algumas disputas de posições. De qualquer forma o tempo mostraria que no fim das contas, a corrida seria bem acima da média quando comparada com as demais desse ano.

1 M. Schumacher Ferrari 1h35m36.792
2 J.P. Montoya Williams +18.628
3 K. Räikkönen McLaren +25.067
4 E. Irvine Jaguar +1
5 M. Webber Minardi +2
6 M. Salo Toyota +2
7 A. Yoong Minardi +3
8 P. De la Rosa Jaguar +5

Autor: Diego Tauyr (Brasileiro)
e-mail: tauyr@globo.com
ICQ: 152187096

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