F1 – Quando o distanciamento histórico atrapalha

segunda-feira, 6 de abril de 2020 às 12:59

Mansell, Senna, Piquet e Prost

Por: Bruno Aleixo

Não há muito o que celebrar no momento em que estamos vivendo, como todos sabem. Porém, para quem é saudosista, há boas notícias pipocando o tempo todo. Aparentemente, TV’s e canais de grandes corporações descobriram as maravilhas das reprises e, nos últimos dias, temos tido a oportunidade de acompanhar, na íntegra, grandes momentos do esporte.

E o automobilismo não tem ficado para trás. Tanto o Sportv quanto o canal oficial da Fórmula 1 estão investindo nas grandes corridas de Fórmula 1 do passado, com áudio original (ao contrário do futebol, que contou com uma narração atualizada – e péssima por sinal), resgatando o clima que cercava os domingos dos brasileiros há algum tempo.

Evidentemente venho assistindo a tudo o que posso. No caso do canal da F1 no Youtube, as corridas ficam disponíveis por um tempo, então você não precisa se prender aos horários da live. No Sportv é um pouco mais complicado, mas as corridas são apresentadas várias vezes e nem sempre em horário comercial, então é só ficar atento.

Sempre mantive o hábito de assistir corridas antigas, acho que já comentei aqui e no Loucos por Automobilismo. Acho que o distanciamento histórico nos leva a apreciar a prova de uma outra maneira. E é curioso perceber que isso pode acontecer tanto para bem, quanto para o mal.

Corridas da era do reabastecimento, por exemplo, são algumas daquelas que melhoraram com o tempo. Na época em que essa regra esteve em vigor, me lembro de achar tudo um saco e agradeci muito quando acabaram com o reabastecimento. Hoje, acho as provas curiosas, gosto de ver as variações de estratégias. E, vejam só, as ultrapassagens, embora poucas, existiam sim senhor. E eram muito mais brigadas, sem o auxílio do DRS. (Alerta: antes quem me xinguem, não estou defendendo a volta do reabastecimento. Ele seria um verdadeiro nocaute nos carros atuais).

Por outro lado, foi com muita expectativa que me sentei diante da TV para assistir ao GP da Austrália de 1986. Em várias edições do Loucos por Automobilismo o graaaaaaaaaande Adauto Silva disse que era a melhor corrida que ele já tinha visto na vida. Ora, com uma indicação dessas, como não conferir? Infelizmente, quase cochilei. A prova, esportivamente falando, não teve nada demais. Grandes diferenças entre os pilotos, poucas brigas, um Nigel Mansell correndo com o regulamento embaixo do braço, Senna sem condições de lutar devido à ruindade do carro e Prost, bem, sendo Prost.

Mas logo deixei a rabugice de lado para perceber que o Adauto tinha, sim, razão. Afinal de contas, viver a tensão daquela corrida ao vivo deve ter sido um grande barato. E, claro, de roer todas as unhas. É um típico caso no qual o distanciamento histórico atrapalha a experiência. Quem assistiu a corrida ao vivo, em 1986, deve ter vibrado quando Nelson Piquet ultrapassou Senna na primeira volta, assumindo a liderança. Depois, deve ter levado as mãos à cabeça quando o brasileiro rodou sozinho, na metade da prova. E, mais, ainda, deve ter acordado os vizinhos de tanto gritar, quando o pneu de Nigel Mansell voou pelos ares. E, por fim, deve ter socado a parede quando Piquet, que estava em primeiro, foi aos boxes trocar pneus, com medo de que eles estourassem também.

Se tudo isso foi intenso no momento, a verdade é que não resistiu à passagem do tempo e ao fato de assistir a corrida já sabendo o resultado. De qualquer maneira, não deixe que o distanciamento histórico estrague a experiência de assistir a essas corridas fantásticas. E, claro, se você não se inscreveu no canal da Fórmula 1 no Youtube, faça isso o quanto antes!

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

GP da Austrália de 1986
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