F1 – O que definiu o GP da Áustria?

terça-feira, 3 de julho de 2018 às 19:26

Red Bull Ring 2018

Por: Adauto Silva

A Mercedes errou feio não chamando Hamilton para a troca na hora do VSC, isso é fato. Mas não quer dizer que foi o fator determinante para a vitória de Max, o fenômeno.

Bottas e Hamilton quebraram depois e isso sim foi o fator. Errado também.

O que determinou a vitória de Max foram os pneus errados da Pirelli. Max teve mais sorte e a ajudou andando o mais “devagar” possível para seus pneus aguentarem até o final. Lógico que liderar a corrida torna esse fator de andar o mais “devagar” possível um pouco mais fácil, já que sem ninguém à frente, os pneus recebem muito mais ar frontal e portanto esquentam menos.

Mas Adauto, pneus com bolhas não é sinal de desgaste?

Isso não tem absolutamente nada a ver com desgaste mecânico. Desgaste de pneus é de fora para dentro e se forma na camada externa devido ao contato do pneu com o asfalto principalmente nas freadas, curvas e retomadas. Uma tocada muito agressiva – que exige muitas correções no volante e algum overdrive – desgasta mais os pneus do que outra mais suave e precisa.

Bolha é outra coisa. Ela pode se formar por dois fatores; calibragem baixa demais é uma delas, mas isso na F1 não é possível, já que o fabricante determina a calibragem mínima e a FIA checa. Então o que está acontecendo é que as bolhas se formam de dentro para fora porque o pneu esquenta demais e a segunda camada interna rompe a camada externa e fica exposta ao contato mecânico com a pista. O piloto não tem como evitar isso, a menos que ele ande abaixo do limite do carro, portanto é evidente que esse problema é muito mais da construção dos pneus do que qualquer outra coisa.

Uma excelente suspensão aliada ao acerto de carro podem minimizar isso, mas não resolvem o problema. Vimos carros de uma mesma equipe com nível de bolhas diferentes. Enquanto Max simplesmente ganhou a corrida com apenas uma troca, seu companheiro de equipe Ricciardo – famoso pela tocada suave -, teve que fazer uma parada extra. O fato é que isso é muito perigoso em carros que começam freadas acima dos 300 kph e contornam curvas a mais de 200 kph.

As bolhas podem fazer com que o pneu colapse a qualquer momento. Não há um segundo aviso depois do aparecimento das bolhas.

Se fosse apenas os carros de uma equipe apresentando bolhas, seria mais do que evidente que o problema era do carro. Mas quando você tem 80% do grid chegando ao final da corrida com bolhas enormes nos pneus, fica claro que o problema está na construção dos pneus. Por isso eu disse no começo do texto que os pneus estão errados.

Por que as bolhas não apareceram nos treinos livres e depois na classificação?

Por duas razões diferentes. Nos treinos livres os carros não andam perto uns dos outros, portanto os pneus são muito melhor refrigerados. A na classificação simplesmente não há tempo para as bolhas aparecerem, já que é apenas 1 volta rápida em cada parte da classificação.

Eu acho que a FIA – sempre tão “preocupada” com a segurança dos pilotos – tinha que exigir que a construção dos pneus daqui em diante fosse com aqueles 4 milímetros a menos, assim como será feito em Silverstone.

Max, o fenômeno
Max ganhou uma corrida bastante improvável. A Red Bull era apenas a terceira equipe mais rápida do grid. Mesmo com o abandono das duas Mercedes, uma Ferrari tinha que ter vencido. Isso só prova que o moleque está no último degrau de habilidade e força mental. A única coisa que resta a Max para ser o melhor piloto da F1 é experiência. Mas os outros que se cuidem, pois ele a está adquirindo…

Lewis Hamilton
Não gostei dele nesse final de semana. Hamilton vem dando alguns sinais que está pensando em aposentadoria a qualquer momento. O fato de não gostar mais de treinar, não usar mais o simulador, exigir não ter mais quase nenhum compromisso com patrocinadores para renovar o contrato são alguns desses sinais. Nessa corrida ele discutiu com a equipe pelo rádio por causa do erro em não pará-lo mais do que devia.

Além disso, talvez ele tenha se acostumado demais a andar na frente de cara para o vento e quando isso não acontece, está mostrando uma dificuldade nas batalhas roda-roda que ele nunca teve. Pelo contrário, uma de suas grandes qualidades sempre foi essa, mas que vem piorando há algum tempo.

Hamilton precisa por a faca nos dentes de novo.

Fernando Alonso
Que corrida foi essa do Alonso? Largou em último com um carro sem reta e num circuito com três grandes retas ele chegou em P8. Que monstro…

E a pergunta que não quer calar é: Onde ele encontra motivação para continuar? Andando na carroça da McLaren pelo quatro ano seguido (depois de carregar a Ferrari nas costas nos anos anteriores) ele vai lá e toda hora faz coisas na pista que parecem completamente impossíveis!

Estão falando em aposentadoria do espanhol da F1. Vai ser muito triste se isso acontecer. Ver Fernando tocar um F1 é uma coisa sublime. Quem realmente gosta de F1 fica extasiado com as câmeras onboard no seu carro. Sua tocada tanto em classificação quanto em corrida – mais em corrida – é tão espetacular que beira a perfeição.

Tudo bem, Alonso aprontou muito dentro das equipes, sempre foi um cara difícil, mas eu acho que ele já pagou seus pecados, chega. Ele já merece um carro para disputar um título novamente.

Abaixo a famosa tabela de Petr Hlawiczka mostrando uso dos componentes das UPs antes do GP da Inglaterra. Repare em duas coisas principalmente;

1. A não confiabilidade dos motores Honda (olha aí, Red Bull…)
2. Os componentes já usados por Hamilton e Bottas (para conferir depois se eles tiveram ou não problema de UP na Áustria)

Adauto Silva
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