F1 – Mercedes vai revidar na Rússia

quinta-feira, 27 de abril de 2017 às 15:06
Lewis Hamilton

Lewis Hamilton

Por: Adauto Silva

Entre todas as corridas da temporada 2017 da F1 realizadas até agora, a próxima na pista de Sochi, na Rússia, será a melhor chance da Mercedes.

Isto significa que quase que certamente teremos mais uma boa corrida, a quarta do ano. Mas porque a corrida será boa e porque as anteriores também foram? Fácil, quando o melhor carro larga na pole, a tendência é ele ir abrindo dos outros e a corrida se resumir às posições intermediárias. Mas quando acontece o contrário, ou seja, o melhor carro larga atrás – como ocorreu nas três primeiras corridas – ele vem babando pra cima de quem estiver na frente.

Pessoalmente não tenho grande problema com isso, afinal pra mim uma corrida de automóveis não se resume a quem vence, mas a todos os envolvidos. Uma disputa roda a roda por P4, P8 ou P12 pode ser tão emocionante quanto uma disputa pela liderança. Mas eu sou uma das poucas exceções, já que a grande maioria – pelo menos aqui no nosso país – assiste uma corrida de F1 sobretudo por causa do seu piloto predileto.

Mas vamos voltar ao porque da Mercedes ter sua melhor chance de vitória até aqui em Sochi.

Sochi vai mascarar as deficiências da Mercedes e minimizar as vantagens da Ferrari, o que certamente vai deixar as coisas bastante equilibradas, talvez até com uma vantagem para a Mercedes, já que seus pilotos fizeram as três poles disputadas na temporada, além de ela ter uma peça entre o volante e o banco que nenhuma outra tem: Lewis Hamilton.

Sim, no Bahrain não adiantou nada a Mercedes fazer não apenas a pole, mas a primeira fila inteira. Vettel ganhou a posição de Hamilton na largada e depois facilmente fez o undercut em Bottas, que em poucas voltas já estava com seus pneus traseiros destruídos.

Por que não pode acontecer o mesmo em Sochi, caso as Mercedes larguem na frente novamente? Acontecer pode, mas é mais improvável. A pista russa tem o asfalto mais liso e menos abrasivo de todas as pistas desta temporada da F1. Só isso já ajuda muito a Mercedes, que por ter um carro menos equilibrado que a Ferrari, desgasta seus pneus com muito mais facilidade, principalmente se andar atrás de outro carro.

A Ferrari é tão boa nesse quesito, que mesmo andando na turbulência de outro carro, isso não tem perturbado sua performance.

O outro fator que vai ajudar a Mercedes é a temperatura. Nessa época do ano, o clima ainda não esquentou muito em Sochi. A corrida deve ser disputada sob uma temperatura entre 17 e 20 graus, o que previne a degradação térmica dos pneus, fator que destruiu a corrida de Bottas no Bahrain, ainda mais porque o finlandês optou por um acerto pregando a dianteira do carro, o que soltou a traseira mais do que o W08 suporta e esquentou demasiadamente seus pneus traseiros.

Muitos disseram que a Mercedes errou na calibragem dos pneus de Bottas. Na verdade a reposta é sim e não. Se o carro estivesse com um acerto neutro como o do Hamilton, a calibragem estaria certa. Mas quando você prega uma ponta do carro, a outra solta e a calibragem muda. A Mercedes calibrou os pneus no carro de Bottas igual a do Hamilton, mas deveria ter calibrado com pouco menos pressão nos pneus traseiros.

De qualquer maneira a calibragem dos pneus não foi a razão de Bottas ter perdido a corrida, uma vez que a Mercedes percebeu o erro e ajustou para a calibragem correta no segundo e terceiro stints da corrida. Mesmo assim Bottas não conseguiu acompanhar o ritmo de Hamilton e chegou 14 segundos atrás do inglês e 20 atrás de Vettel.

Teoricamente nada disso acontecerá em Sochi. Com um asfalto muito liso e com as temperaturas mais baixas, a suspensão da Mercedes não deverá machucar tanto seus pneus. Ao contrário, como essa suspensão da Mercedes esquenta seus pneus muito mais rapidamente que a Ferrari, isso ainda deve ajudá-los na classificação.

Por outro lado, um dos pontos mais fortes da Ferrari fará pouca diferença em Sochi; sua habilidade em contornar curvas mais rápido que qualquer outro carro na F1. Em Sochi não há curvas de alta e/ou de raio longo. Mas e a curva 3? Para a nova F1 – que tem muito mais downforce aerodinâmico -, aquilo não é uma curva. Os carros entram muito “devagar” nela – já que a curva 2 que a antecede tem mais de 90º – e a farão acelerando o tempo todo até chegarem na freada para a curva 4 a certamente mais de 300 km/h.

Outro fator, é que em Sochi a Ferrari não terá a possibilidade de fazer dois undercuts, já que a corrida provavelmente será de apenas uma parada, salvo se todo mundo estiver enganado, inclusive a Pirelli.

Portanto, meu caro leitor, eu digo que a Mercedes faz a pole e ganha a corrida, muito provavelmente com Hamilton.

E isso acontecendo, Lewis pode empatar ou até superar Vettel na pontuação do campeonato, caso Bottas também consiga superar Vettel na corrida chegando em P2. E é imprescindível para a Mercedes que isso aconteça, já que na corrida seguinte em Barcelona, a Ferrari é hoje – antes de sabermos a eficácia das atualizações para a Espanha – amplamente favorita, até para fazer dobradinha.

Sochi também será uma grande chance da Williams marcar muitos pontos e, sendo um pouco otimista, talvez até desafiar a Red Bull.

Vamos ver…

Lógico que é um grande risco afirmar tudo isso acima antes de sequer acompanhar os treinos livres, mas não tem problema. Se os treinos livres mostrarem outras coisas, eu volto aqui e refaço meus pensamentos. Não sou daqueles que não larga o osso!

Em tempo: O jornalista tcheco Petr Hlawiczka, especializado em F1, publicou como está o uso de cada componente da unidade de potencia de cada equipe. Veja na tabela abaixo que os pilotos da Ferrari já estão no segundo componente de várias partes das suas unidades de potencia.

E como esse ano são apenas 4 por piloto, é bom ficarmos de olho nisso…

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Adauto Silva
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