F1 – Interlagos, Tom Price, nostalgia

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018 às 13:57
Tom-Pryce

Tom Pryce

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

Dias atrás, pouco antes da vitoria de Hamilton em Abu Dhabi, revendo antiga reportagem sobre grandes nomes do automobilismo, deparei com uma frase, no mínimo curiosa, do piloto Gilles Villeneuve. Questionado, como encontrava o limite de velocidade numa curva, a resposta saiu bem ao seu estilo: “Vou cada vez mais rápido, assim, de um jeito ou outro, acabo achando”.

Refletindo em cima da ousadia canadense, lembrei 1975, etapa brasileira, e por mais estranho que possa parecer, no então, jovem Tom Pryce, cujo fato marcante e trágico de sua breve carreira, foi à morte estúpida no circuito de Kyalami, atingido na cabeça por um extintor de incêndio, após atropelar, a 280 km, o fiscal de pista.

Interlagos, antes de o laranja virar laranjinha, 8 km, curvas de alta, média, ferradura, cotovelo, três retas e para o público uma visão ampla de todo circuito. Treinos GP Brasil em sua terceira edição, as duas anteriores vencidas por Emerson Fittipaldi.

Estacionei um pouco distante do autódromo, logo surgiu o inevitável flanelinha, que fazer a não ser pagar, tinha ciúmes do meu carro, um Chevette, com rodas de magnésio ( termo usado na época), vidros verdes, volante de menor diâmetro, pintura vermelha religiosamente encerada todo mês.

Tempos de rock, longas cabeleiras, calça boca de sino, o carrinho era legal, lançamento recente da GM, concorrente da Brasília, enormes filas de espera nas concessionárias, a ponto de um Chevette usado custar mais caro que o zero km.

Durante as seções classificatórias, os pilotos chegavam ao final da subida dos boxes, motor cheio, limite de giros, breve aliviada sem frear, aceleração dosada nas curvas 1 e 2, para ganharem o retão, onde ao final deste, o carro ultrapassava os 320 km. De repente uma Shadow negra mergulha nessas duas curvas, acelerador cravado no assoalho, sem nenhuma levantadinha de pé e, assim vai até alcançar a reta principal, fantástico. O autor da proeza: Tom Pryce.

Claro, algum tempo depois, todos, ou melhor, os bons, passaram a contornar a 1 e 2 pé em baixo, contudo Tom foi o primeiro, mostrou que era possível, no frágil F1 dos anos 70, numa zona sem área de escape, em altíssima velocidade. Muita coragem.

Vinte e seis de Janeiro, verão tropical, segunda prova da temporada, Jean Pierre Jarrier na Shadow pole, Pace venceu, Emerson segundo, dobradinha brasileira, Niki Lauda sagrou-se campeão da temporada.

Nada menos que dez personagens desse GP morreram, ou carregaram sequelas devido a graves acidentes:
Rolf Stommelen, 1975, atingiu o público na Espanha, matando cinco torcedores.
Jaques Laffite, 1975, Inglaterra, quebrou os dois pés, longo período afastado.
Mark Donohue, 1975, em cujo currículo, consta uma vitória nas 500 milhas de Indianapolis, faleceu, treinos do GP da Austria.
Graham Hill, 1975, desastre de avião.
Niki Lauda, 1976, até hoje leva as marcas do terrível acidente em Nurburgring.
José Carlos Pace, 1977, desastre de avião.
Tom Pryce, 1977, Kyalami.
Ronnie Peterson, 1978, Monza.
Clay Regazzoni, 1980, GP Estados Unidos, acidente o deixou paraplégico.
Patrick Depailler, 1980, morre fazendo testes em Hockenheim.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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