F1 – Entrevista com Martin Whitmarsh após o GP do Bahrain

quinta-feira, 18 de novembro de 2010 às 13:45

Martin Whitmarsh

Lewis normalmente faz ótimas largadas, mas não foi o caso no Bahrain. O que aconteceu?
Foi um erro de procedimento – seu motor estava com o acerto incorreto e isso fez com que o sistema que impede seu desligamento fosse ativado, então ele foi ultrapassado por todos os outros enquanto tentava arrancar.

Ele admitiu que esqueceu de pressionar o botão correto…
Sim, mas como equipe, a McLaren normalmente não culpa seus pilotos em público. O procedimento é claro? É suficientemente simples? Temos de analisar todos os detalhes.

As pessoas estão acostumadas a celebrar os sucessos de Lewis, mas não pareceu ser o fim de semana dele. Porém, seu comportamento continua bastante otimista.
Acho que ele está desapontado, mas é muito forte mentalmente. Teve uma classificação razoável, mas um acidente no treino fez com que sexta-feira não fosse seu melhor dia, assim como o domingo. Porém, ele não perderá confiança. Acredita nele próprio e sabe que pode ter sucesso. Irá para casa, vai se recuperar e voltará mais forte na Espanha.

Lewis Hamilton

Lewis mudou para uma estratégia de um pit-stop depois de bater na traseira de Fernando Alonso na segunda volta. Vocês determinaram a causa do acidente?
É uma situação interessante para nós no pit wall, porque você vê um incidente como aquele e tem de responder em termos de chamá-lo para os pits, reparar o carro, cuidar das opções de quantidade de combustível que podem ajudá-lo a se recuperar e assim por diante. Entretanto, naquele momento, não sabíamos como havia acontecido. As pessoas vieram perguntar imediatamente depois da corrida, “então, ele teve um teste de freio?” e não foi possível responder. Podem achar que você está sendo evasivo, mas na verdade, simplesmente não sabe. Foi só quando fui para a sala dos engenheiros e comecei a olhar os detalhes que percebi que a asa dianteira superior de Lewis havia desaparecido cerca de dois segundos antes do acidente, portanto ele perdeu pressão aerodinâmica repentinamente. Não analisamos porque isso aconteceu, mas suspeitamos que a estrutura havia sido enfraquecida por um contato anterior. Sendo justo com Lewis, pode ter quebrado sozinha, mas nunca aconteceu antes, então contato é a causa mais provável. Certamente, não há evidência de que Fernando tenha feito alguma coisa errada. O impacto danificou outros elementos do carro de Lewis além da asa – ele apenas teve de lidar com isso da melhor maneira possível.

Hamilton perde a asa dianteira

Heikki pilotou muito bem novamente, mas sua tarde não foi inteiramente livre de problemas.
Não. Durante boa parte da prova, seu carro foi prejudicado por um pneu danificado, após ele ter travado a roda na volta inaugural. No momento em que fez o pit-stop, seu pneu dianteiro direito estava totalmente acabado. Para seu segundo trecho, em retrospecto, talvez tenhamos escolhido os pneus errados, mas fizemos muitas voltas com o carro bastante pesado apenas para tentar algo diferente. Não nos ajudou, mas também não nos prejudicou. Heikki marcou a melhor volta, o que acrescentou um aspecto positivo, mas também destacou que ele não extraiu o potencial máximo do carro ao longo da corrida. É mais uma ilustração de que é preciso ter todos os elementos do fim de semana absolutamente certos.

Heikki Kovalainen

Heikki está com vocês há três corridas e obteve uma seqüência de fortes chegadas nos pontos. Como você avalia o progresso dele até agora?
Ao todo, ele está conosco há 11 semanas, e está ficando cada vez mais forte. A sensação dentro da equipe é de que ainda não vimos o melhor dele. Lewis pensa da mesma maneira, e isso é bom, porque sabe que terá de melhorar. Tanto Heikki quanto Lewis aprenderam muito nos 20 GPs que fizeram. Eles são extremamente ambiciosos – e sei que as equipes sempre alegam que seus pilotos se amam – mas todos na McLaren podem sentir o senso de admiração mútua que existe entre eles. Eles querem bater um ao outro, mas são abertos e justos, então há muitos aspectos positivos.

Travada de Kovalainen

Existe uma tendência das pessoas verem o campeonato mundial como uma luta entre McLaren e Ferrari, mas a BMW está emergindo como uma força cada vez mais consistente.
É preciso parabenizar a BMW. Sei que nossa performance foi um pouco abaixo do normal, mas os carros deles foram muito fortes. Está claro que este vai ser um campeonato apertado e emocionante – e isso é bom para a audiência da Fórmula 1. Você tem de ir para cada corrida com um carro forte, precisa acertá-lo e operá-lo adequadamente e os pilotos têm de conduzi-lo bem. Se houver falhas em qualquer uma dessas áreas, você será superado.

A categoria agora segue para a Europa após uma série de três corridas fora do continente. Qual é o próximo compromisso da McLaren?
Teremos um teste aerodinâmico dentro de alguns dias, e então voltaremos à pista na próxima semana, em Barcelona, no que será nosso primeiro teste depois de cinco semanas. É pouco comum as equipes progredirem durante um período sem testes, mas estou confiante de que estamos prestes a dar um grande passo à frente. Dito isso, reconhecemos e respeitamos o forte trabalho que Ferrari e BMW estão fazendo, e suponho que elas não ficarão paradas.

Tivemos três vencedores diferentes no mesmo número de corridas. Quando você acha que poderemos ver o surgimento de um padrão estabelecido?
Não sei se isso vai acontecer – e sei que haverá outros vencedores durante a campanha. Estou convencido de que Heikki vai chegar ao topo do pódio neste ano, e os pilotos da BMW também parecem fortes – só precisamos responder e superá-los na Espanha. Tivemos uma performance ligeiramente abaixo do normal em duas corridas, mas ambos os campeonatos ainda estão bastante apertados. Três equipes e seis pilotos estão separados por apenas alguns pontos – não creio que alguém possa conquistar nenhum dos títulos com facilidade neste ano.

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.