F1 – Cuidado Mercedes, GP da Malásia é traiçoeiro

terça-feira, 26 de setembro de 2017 às 14:49
Lewis Hamilton

Lewis Hamilton – Sepang 2016

Por: Adauto Silva

Eu gosto muito da pista da Sepang, pra mim uma das melhores – senão a melhor – projetada por Hermann Tilke. Longa, larga, com duas boas retas e todos os tipos de curva, é uma pista realmente desafiadora para carros e pilotos. Pena que essa será – por enquanto – a última corrida de F1 lá. Torço para que a nova dona da F1, a Liberty, encontre uma solução para um retorno do GP da Malásia nos próximos anos.

E ainda tem o clima, o temível “tropical superúmido” com temperaturas ao redor dos 36º geralmente com mais de 90% de umidade. Tempestades costumam desabar a qualquer momento sobre a pista, o que coloca uma pimenta bastante especial nas corridas disputadas lá.

Um fato interessante é que nas últimas três temporadas, 2014-15-16, quando a Mercedes tinha um carro dominante, eles só venceram uma corrida, a de 2014 com Lewis Hamilton. Em 2015 e 2016 carros inferiores venceram a corrida com Vettel de Ferrari e Ricciardo de Red Bull respectivamente. Em 2016 Hamilton parecia que venceria, mas seu motor cozinhou naquele calor infernal e explodiu.

Em 2015 a Mercedes fez uma estratégia errada, seus pneus sofreram uma degradação térmica brava e Vettel não perdeu as poucas chances que tinha de vitória. A pista foi recapeada no ano passado e agora judia bem menos dos pneus, tanto que a fornecedora vai levar o composto supermacio pela primeira vez.

O que faz essa pista ser traiçoeira é justamente o clima. O calor no estilo sauna misturado com pancadas de chuva repentinas pode perfeitamente tirar a vitória do(s) favorito(s). E nessa pista, assim como foi de 2014 a 2016 a Mercedes é a favorita. Sua fluidez em alta velocidade a deixa com as características próximas as de Silverstone. Mesmo nas três curvas de baixa – uma delas um grampo – a largura da pista permite que essas curvas sejam contornadas a velocidades acima da média.

Hamilton fez a pole em 2016 a uma velocidade média de 215 kph. Acredito que este ano a pole pode chegar a quase 230 kph de média, caso a pista esteja seca. Para você ter uma ideia da diferença, a pole em Cingapura em 2016 teve uma média de 177 kph e em 2017 de 183 kph.

O setor 2 da pista é o mais lento por causa da curva 9, porque as outras curvas desse setor, 3, 4, 7 e 8 não são lentas, são de média, sendo que a 5 e a 6 são de alta.

Essa combinação de duas boas retas, várias curvas de alta, várias de média e poucas de baixa é ideal para a Mercedes.

A Ferrari deve estrear o novo motor, mas considero improvável que seja o suficiente para tirar o favoritismo da Mercedes. Maranello vai ter que torcer por aquelas chuvas repentinas na classificação e principalmente na corrida para ter alguma chance.

A Red Bull muito dificilmente conseguirá repetir a vitória do ano passado, mas pode andar bem, talvez até se intrometendo entre as Ferraris.

Como “melhor do resto” eu colocaria a Renault brigando palmo a palmo com a Force India e depois disso Williams, Haas, Toro Rosso e McLaren se enroscando a corrida inteira. Obviamente essas previsões todas são considerando pista seca do início ao fim.

Mas a minha torcida é que chova durante a corrida – o que sempre é bastante provável – e essas previsões se mostrem todas furadas.

Pierre Gasly dentro, Daniil Kvyat fora.
Demorou. Kvyat é o pior piloto da Toro Rosso em muitos anos. Sempre cometeu muitos erros. Impreciso e sem confiança depois de ser rebaixado da Red Bull para a Toro Rosso, passou a cometer overdrive constantemente. A F1 sempre quis um piloto russo principalmente por causa do GP da Russia em Sochi, que é um Balneário no verão e uma estação de Ski no inverno. E por Putin querer divulgar essas qualidades ao mundo, é um dos GPs que paga a maior taxa do mundo. Mas esse piloto não é Daniil Kvyat.

Em compensação tenho muitas esperanças em Pierre Gasly, que vai fazer as últimas 6 corridas do ano ao lado de Carlos Sainz e assim poder provar que tem condições de ascender na Formula 1. Acompanhei a temporada da GP2 quando este francês foi campeão e aposto que ele é bota. O que ele tem que fazer é andar próximo a Sainz e não cometer erros. Torço para que ele consiga!

Williams – Massa x Kubica x Di Resta x Kvyat (?)
Massa é disparado o melhor dos quatro. E isso não tem nada a ver com o fato de ele ser brasileiro. Já disse numa coluna anterior que o brasileiro Felipe Nasr não entregou enquanto teve sua chance na Sauber. Com exceção de Emerson, Piquet e Senna, monstros do esporte que fizeram nós brasileiros nos apaixonarmos por F1, pra mim não importa a nacionalidade. Se o cara for um alienígena de Marte e mostrar serviço na F1, então ele merece ficar.

Robert Kubica foi reprovado pela Renault. Depois de 30-40 voltas seu braço sequelado não aguenta, ele perde precisão e seus tempos de volta começam a variar demais, por isso a Renault não quis ficar com ele no lugar do Palmer. A Formula 1 exige precisão absoluta com o piloto recebendo cargas de até 5G no corpo o tempo todo em freadas e curvas. É por isso que ela é diferente das outras. São poucos os pilotos no mundo que conseguem dar muitas voltas nessas circunstâncias mantendo o ritmo.

Di Resta vai precisar de bastante tempo pra pegar a mão de um F1 novamente e se ele conseguir guiar o que guiava antes, o Massa é melhor. Sobre o Kvyat já disse o que acho sobre ele acima. Portanto, se essas são as opções da Williams, o Massa deveria estar dormindo tranquilo…

Adauto Silva
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