F1 – Bottas tem o que é preciso para vencer Hamilton?

quinta-feira, 9 de maio de 2019 às 15:42

Bottas x Hamilton – Baku 2019

Colaboração: Speed Racer

Valtteri Bottas tem o que é necessário para vencer Lewis Hamilton? Ele não foi trazido como o antídoto para a guerra interna? A Mercedes quer um retorno a 2016, que foi a última vez que um companheiro de equipe se deu bem contra Lewis Hamilton? Nico Rosberg saiu no topo, mas ficou tão exausto pela experiência que terminou sua carreira. O chefe da equipe, Toto Wolff, e o alto comando da Mercedes passaram a temporada em um estado de enorme stress.

Pode-se dizer, portanto, que a última vez que um companheiro de equipe desafiou Hamilton foi uma tarefa hercúlea, para dizer o mínimo.

Barcelona marca a reentrada da F1 na Europa, o coração tradicional do esporte. Foi aqui há três anos que Hamilton e Rosberg bateram na primeira volta para redefinir as regras de engajamento da equipe e os termos de seu relacionamento. Basta dizer que qualquer companheirismo anteriormente desfrutado foi destroçado depois que Rosberg empurrou o mais rápido Hamilton para a grama, enquanto o britânico tentava ultrapassá-lo.

Então, como agora, Hamilton ficou numa batalha ponto a ponto pelo título. Rosberg venceu as primeiras quatro corridas da temporada com Hamilton sofrendo problemas mecânicos no Bahrain e na China. Hamilton estava desesperado para revidar na Espanha, largou da pole e perdeu a liderança na primeira curva. Mas um mapa errado no modo motor começou a desacelerar Rosberg o suficiente para convidar Hamilton ao ataque. E ele foi com tudo, como não poderia deixar de ser.

Hamilton prevaleceu no meio da temporada, mas os gremlins técnicos voltaram para enterrá-lo. Apesar de ter vencido as quatro últimas corridas, não foi suficiente para impedir Rosberg de conquistar a coroa. O duelo foi visceral, obstinado, amargo, emocionante e na última corrida em Abu Dhabi, Hamilton, precisando superar um déficit de 12 pontos, desafiou as ordens da equipe e desacelerou deliberadamente em P1 para forçar o segundo colocado, Rosberg, ser alcançado por outros carros. Não funcionou. Hamilton não se desculpou. Rosberg venceu e depois, meio morto pela intensidade do combate, foi embora da F1.

Hamilton tem estado mais calmo ultimamente. Sua experiência lhe disse para não forçar uma ultrapassagem sobre Bottas na primeira volta em Baku, quando movimentos mais agressivos dos dois na abertura da corrida poderiam fazer ambos acabarem nos muros da pista. Depois disso, ele admitiu que tinha sido amigável demais. “Eu basicamente entreguei a ele”, confessou Lewis. Isso não vai acontecer novamente, pode apostar.

Apesar de apenas quatro corridas, Hamilton viu o suficiente para reconhecer a ameaça trazida por Bottas, que em seu terceiro ano na equipe parece ter perdido o manto de deferência e está começando a declarar seu próprio caso. Bom pra ele, bom para a F1 e ótimo para os os espectadores, que querem ver brigas acirradas na pista. E muitas vezes fora dela também.

Comparando sua performance ao ano passado, Valtteri disse: “Eu fui talvez um pouco mais direto, e talvez você possa dizer agressivo, em termos de grandes mudanças que estamos fazendo na prática e que tipo de configuração e direções estamos tomando. Com o passar dos anos, você ganha confiança em saber exatamente o que você precisa do carro e como você sente que o carro será mais rápido para você.”

Em outras palavras, ele está se impondo acertando seu carro a seu gosto. A camaradagem até agora mantida entre os dois acabará num piscar de olhos se isso continuar, fazendo de Wolff um refém. Espera-se que Toto, com muito mais experiência, gerencie esse “problema” muito melhor do que Mattia Binotto tem feito na Ferrari, ao prejudicar descabidamente seu piloto mais rápido desde o início do campeonato: Charles Leclerc.

“Temos sorte que eles têm um bom relacionamento. Eles se dão bem, não há jogos políticos no fundo. E estou muito feliz com isso”, disse Toto. “Mas nós temos que estar conscientes. Nós vimos relacionamentos se deteriorarem. Ambos os pilotos, o respeito precisa estar lá. Somos muito fortes como equipe e não permitimos(!) que a relação entre os pilotos se deteriore a ponto de afetar negativamente a equipe. Se esse for o caso, novamente depois de Nico e Lewis, emitiremos cartões amarelos e vermelhos.”

Não vai adiantar. A natureza de Lewis é muito competitiva e Bottas está determinado a vencer este ano.

O conceito de companheiros de equipe sempre foi um paradoxo no coração da F1 moderna. Isso vai contra a natureza do trabalho, que é sobre vencer. Esses caras podem fingir diplomacia, mas quando se tratar de quem vai ganhar o campeonato, a razão vai embora pelo do cano de escapamento com muita rapidez. A aliança aparentemente amigável não se sustentará, caso continuem trocando vitórias.

O recorde de quatro dobradinhas da Mercedes é em boa parte em função do fracasso da Ferrari em aproveitar seus próprios recursos demonstrados em todas as corridas até aqui, talvez com exceção da primeira na Austrália. O retorno às longas retas e às curvas técnicas de raio longo em Barcelona, ​​onde foram confortavelmente o carro mais rápido durante os testes de inverno, pode oferecer espaço para um final de semana fascinante. Assim como a atualização da UP introduzida duas corridas antes do planejado. “Estamos atrasados ​​no campeonato e temos que nos recuperar”, disse Mattia Binotto.

Ele precisa gerenciar melhor sua equipe e suas estratégias, pois um carro no mesmo nível não basta para vencer a Mercedes. Talvez Binotto só aprenda isso da maneira mais dolorida. Aguardemos.

Speed Racer
Brackley – Inglaterra

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