F1 – Alôôôô… Alonso e RIC continuam dando sopa!

terça-feira, 31 de julho de 2018 às 18:54

RIC e Alonso

Por: Adauto Silva

Sem dúvida temos muito assunto pra conversar sobre tudo o que está acontecendo na F1. Mas hoje vamos focar no que está acontecendo na pista entre os dois principais postulantes ao título e nas próximas colunas tentaremos desmembrar os problemas da Force India, Williams, McLaren, Alonso, Ricciardo, Red Bull e etc., etc., etc…

As últimas duas corridas mostraram uma reviravolta poucas vezes vista na F1. A Ferrari tem o melhor carro, tem o melhor chassi, o melhor motor e a melhor aero. Um carro assim pode inclusive ser considerado como dominante e deveria estar liderando ambos os campeonatos com folga. Ainda mais porque este ano a Ferrari está conseguindo desenvolver seu carro melhor que os adversários, algo que não acontecia há muito tempo, talvez desde a época do Schumacher.

A Ferrari começou a temporada um pouco melhor que Mercedes e Red Bull e conforme as corridas foram passando, os italianos conseguiram aumentar a distância para seus principais adversários, tanto que venceram em pistas historicamente favoráveis à Mercedes como Canadá e Inglaterra, e nas que não venceram sempre andaram muito bem.

Quando a F1 chegou na Alemanha Vettel liderava o campeonato por 8 pontos e em todos os treinos livres a Ferrari demonstrou que venceria a corrida e Vettel abriria mais alguns pontos na liderança. Com o problema de Hamilton tendo que largar em P14, tudo indicava que Vettel nadaria de braçada e abriria pelo menos mais 13 ou 15 pontos na tabela.

Mas choveu durante algumas voltas da prova e isso foi o suficiente para Vettel bater e Hamilton vir de P14 para a vitória.

Em corridas com chuva, vai ganhar quem errar menos, mas todos erram várias vezes. Na minha coluna sobre o GP da Alemanha eu coloquei a volta em que o Vettel bateu para as pessoas verem a enorme quantidade de erros que ele cometeu em apenas uma volta, exatamente na volta em que ele bateu. Não achei alguma volta onboard do Hamilton quando estava chovendo, mas é certeza que ele também cometeu erros, mas menos que o Vettel, por isso era tão mais rápido. A média em 8 voltas – da 44 até a 52 – foi 1.625s Hamilton mais rápido por volta, mas teve volta que o Hamilton foi 2,8s mais rápido que o Vettel e teve volta – dentro daquelas oito voltas – que eles fizeram praticamente o mesmo tempo.

Mas aconteceu o que todos vimos e ao invés de Vettel sair da Alemanha com uma vantagem de cerca de 25 pontos na tabela, ele saiu 17 atrás. Um prejuízo de 42 pontos em apenas uma corrida. Desastroso tanto pra ele quanto para a Ferrari, que perdeu a liderança em ambos os campeonatos de pilotos e construtores tendo claramente o melhor carro do grid.

Então chegamos na Hungria e, devido a natureza da pista, toda a imprensa e as próprias equipes colocavam a Mercedes apenas como terceira força. Seria uma “limitação de danos”. Em teoria, Hamilton faria um P5 na corrida, marcaria 10 pontos enquanto Vettel tinha grandes chances de vencer e marcar 25, o que o deixaria apenas a 2 pontos do inglês.

Nos treinos livres a Red Bull foi muito bem. Todos sabemos que a Red Bull tem um grande chassi e sua aero é feita pelo mago Adrian Newey. Mas a Ferrari não está atrás, nem em chassi e nem em aero, e ainda tem a vantagem no motor. E que vantagem. Apesar de Hungaroring ser uma pista bem travada, a reta foi alongada alguns anos atrás justamente para o motor dos carros ter alguma relevância, muito mais que em Monaco, por exemplo. Sem contar o DRS, que também ajuda na reta principal.

Em pistas travadas de difícil ultrapassagem, a classificação torna-se ainda mais importante. A chance da Mercedes se classificar melhor do que eles esperavam é que havia boa possibilidade de chuva no sábado.

Quem vai bem na chuva é quem erra menos. Todos erram em todas as voltas na chuva, mas quem errar menos vai fazer a volta de classificação em menos tempo. A importância do carro diminui enquanto a do piloto aumenta na mesma proporção, ainda mais desde que existe o Parque Fechado e não se pode mais mudar o acerto de um dia para o outro. Portanto, é mais do que óbvio que na classificação foram todos com acerto para seco.

O Q1 da classificação foi seco, portanto sem chances para a Mercedes. Vettel foi lá e fez 1’16.666 metendo tenebrosos 0.753s em Hamilton. No Q2 a chuva deu o ar de graça, mas a Ferrari mandou Vettel rapidamente à pista e ele ainda a pegou bem menos ensopada que os outros. A diferença foi de abissais 2.650s para Hamilton.

Então chegamos no Q3 e a chuva não parou. A pista ficou igual pra todo mundo. E nessas condições Hamilton não perdoou, fez a pole e ainda meteu 0.552s em Vettel, que só conseguiu fazer o P4, inclusive atrás de seu companheiro de equipe aposetando-em-atividade Kimi Raikkonen.

É importante notar que nos últimos anos nas corridas e/ou classificações que houve chuva o Hamilton foi quem menos errou e por isso fez todas as poles e/ou venceu todas as corridas. E isto não é uma questão de opinião minha ou interpretação de alguém. Trata-se de um fato puro e simples: O cara guia um absurdo em pista molhada.

Voltando ao GP da Hungria, mesmo com a previsão de pista seca para domingo, a Ferrari poderia sim se recuperar e vencer a corrida. A única chance de Hamilton seria a Mercedes aproveitar o fato de Bottas também ter feito uma grande volta no Q3 de sábado, largar em segundo e conseguir segurar o máximo possível as Ferraris atrás dele, enquanto Hamilton abria alguma frente na liderança. Mas será que a Mercedes ia fazer isso?

Lógico que ia. Eu tinha certeza, tanto que cravei Hamilton como o vencedor da corrida.

Mas Adauto, o Bottas não devia tentar ganhar a corrida, ao invés de fazer o papel de segundo piloto? Ora, não sejamos ingênuos. Hamilton renovou por 40 milhões de libras por ano por dois anos. Bottas por menos de 10 milhões de dólares por apenas um ano. Qual a dúvida do papel de cada um deles? Bottas sabe que para vencer ele tem que largar na frente de Hamilton e abrir alguma distância, ainda mais se é Hamilton quem tem as chances de ganhar o título.

A mesma coisa acontece na Ferrari e em todas as outras equipes. Na Ferrari é até pior, já que na maioria das vezes o segundo piloto já sai com uma estratégia perdedora frente ao primeiro piloto. E isto não é de hoje, é desde sempre e se tornou mais agudo ainda na era Schumacher.

Chegamos no domingo e aconteceu exatamente que eu esperava. Hamilton e Bottas largaram normal, mantiveram suas posições e Hamilton foi abrindo aos poucos de Bottas. Conseguiu dar 25 voltas com pneu ultramacio mesmo com o carro pesado – enquanto Raikkonen trocou com 14 e Bottas com 15 – e ficou fora do alcance de Bottas e de Vettel a corrida inteira.

Quando Vettel finalmente conseguiu ultrapassar Bottas, que já estava com seus pneus em frangalhos, não era mais possível para o alemão sequer chegar perto de Hamilton, que conquistou sua segunda vitória seguida improvável.

Essa é a diferença entre a Ferrari e a Mercedes com seus pilotos. Enquanto a Ferrari e principalmente seus pilotos perdem vitórias certas, a Mercedes conquista vitórias improváveis.

Agora a F1 entrou em férias e Hamilton tem 24 pontos de vantagem para Vettel, quando o certo – caso Vettel não voltasse a errar tanto – seria Vettel estar 32 pontos à frente contando somente essas duas últimas corridas. De onde tirei isso? Matemática. Vettel devia ter marcado 25 pontos na Alemanha e mais 25 na Hungria, total 50. Hamilton, por ter largado em P14 na Alemanha devia ter marcado 8 pontos lá (P6) e mais 10 na Hungria (P5), total 18.

A próxima corrida é só no dia 26 de agosto em Spa e até lá teoricamente as equipes não podem trabalhar, não podem desenvolver o carro, pois está todo mundo de férias. Alguém acredita nisso? Alguém acha que as equipes grandes simplesmente vão cruzar os braços sem tentar melhorar seus carros para a segunda parte da temporada?

Claro que não. Estão todos em “férias trabalhadas” e na Bélgica teremos várias novidades nos carros, algumas visíveis, mas a maioria invisível. Uma das coisas que eu posso garantir é que a Mercedes passará todos esses dias tentando desesperadamente melhorar sua UP – porque perdeu a hegemonia para a Ferrari – e sua aerodinâmica, senão vai tomar duas cravadas federais seguidas em Spa e Monza. A suspensão, por incrível que pareça melhorou mais do que eles esperavam com algumas modificações feitas nas duas últimas corridas.

E como último lembrete para a Ferrari, Alonso e Ricciardo continuam dando sopa no mercado…

Adauto Silva
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