F1 2007: Título para o Brasil? Não, Raikkonen é favorito

F1 2007: Título para o Brasil? Não, Raikkonen é favorito

Eu digo que teremos poucas chances de sermos campeões em 2007. Para o Felipe será menos difícil do que para o Rubens, já que a Ferrari deve “apavorar” a concorrência ano que vem. Duvido muito também que o Alonso consiga o tri (tri verdadeiro, aquele que é um seguido do outro), uma vez que a McLaren é uma incógnita até agora.

Pra mim o favorito disparado para 2007 é o cara que foi contratado a peso de ouro pelo próprio presidente da Ferrari, Luca Di Montezemolo, para substituir Schumacher: Kimi Raikkonen. Além da Ferrari já ser o melhor carro, tem tudo para aumentar a diferença ainda mais para o resto, já que a experiência com os pneus será fundamental. A suspensão e o acerto da Ferrari já são feitos com base nos Bridgestone, enquanto Mclaren, Honda e Renault sairão do zero.

Outro fator que coloca o Kimi em posição muito boa é o fato da Ferrari ser um carro extremamente fácil de guiar. Nas câmeras onboard dá pra ver muito bem isso, o carro aceita tudo, é dócil, um canhão de reta e impressionantemente bem equilibrado nas freadas e contorno de curvas. Kimi vem guiando um carro feito por Adrian Newey, reconhecidamente um projetista de carros muito ariscos. Por isso, tenho muita certeza que Kimi vai se adaptar ao carro da Ferrari com extrema rapidez. Em coisa de uma semana a dez dias de testes ele estará virando o tempo do carro e depois conseguirá tirar ainda mais um pouco, pois é muito, muito rápido.

A situação que o Felipe se encontrará ano que vem me lembra um pouco a de Nelson Piquet na Williams, menos pelo fato de provavelmente ele não ter que lutar contra a equipe como Piquet teve que fazer em 86/87. Naquela época Piquet também tinha um adversário muito rápido, na verdade mais rápido que ele – Mansell. Felipe terá um companheiro mais rápido também. Mas Mansell, além de quebras estranhas e alguns acidentes bizarros que sempre aconteciam com ele, não era bom de acerto e não gostava muito de trabalhar desenvolvendo o carro, assim como Kimi. Se Piquet tinha a vantagem de ser excelente no desenvolvimento, Felipe tem a vantagem de ser muito querido na equipe.

Então, para que Felipe tenha alguma possibilidade de superar Kimi, ele vai precisar de duas das melhores características de Piquet; ser muito esperto em relação a tudo e trabalhar muito, mas muito mesmo no desenvolvimento do carro.

Rubinho é outra incógnita. Começou este ano apanhando feio do Button, justamente por sair de um carro muito easy-drive – Ferrari, e passar para a pedreira da Honda, um carro que, em termos eletrônicos, era uma carroça perto da Ferrari. Para você ter uma idéia da diferença, por exemplo, do controle de tração da Ferrari para o da Honda, na equipe vermelha Rubinho tinha doze posições de ajuste contra apenas três no carro japonês. Mas Rubinho, além de ter feito a equipe Honda melhorar um pouco sua parte eletrônica, acabou se acostumando com menos recursos depois de algumas corridas e passou a andar junto ou na frente do Button. No final da temporada, inexplicavelmente ficou para trás de novo. A verdade é que Button é um osso duro de roer; não tem muita expertise na arte de desenvolver um F1, mas é bastante rápido na pista, comete poucos erros e é muito respeitado na equipe.

Nelsinho Piquet será piloto de testes da Renault, portanto mesmo que ele tire a vaga de titular de Fisichella no meio da temporada – o que pode realmente acontecer, nem passa pela cabeça dele disputar o título logo de cara. Seria um feito inédito, e mais que isso, praticamente impossível.

Resta torcer para que Kimi encontre forte resistência, de preferência de Felipe Massa ou de Rubens, na disputa pelo título. Alonso também pode complicar a vida do finlandês, mas só se a Mclaren e a Mercedes acertarem tanto no projeto do carro quanto no motor, algo que passou longe nesta temporada.

Até a próxima!

Adauto Silva
adauto@autoracing.com.br