Estrategistas

sexta-feira, 4 de maio de 2012 às 21:15
Will Power - Indy 2012
Will Power em São Paulo – Indy 2012

Conteúdo patrocinado por: selopatrocinio

Se alguém aqui no Brasil tinha alguma dúvida quanto a capacidade do Will Power como piloto, acredito, não tem mais. A vitória dele em São Paulo mostrou que ele está acima da média na categoria e, em condições normais, não tem adversários.

O problema é que condições normais na Indy envolve o estrategista da equipe, o cara que toma decisões quanto ao momento de parar nos pits pra troca de pneus e reabastecimento.  Isso durante as provas. Mas o trabalho do estrategista começa muito antes, começa nos treinos. Organizar o uso dos pneus nos treinos pra saber quais economizar, ou não,  analisando qual a posição no grid que a equipe tem condições de conquistar.

Rubens Barrichello, recém chegado a categoria, disse que o estrategista participa em até 30 por cento do resultado do piloto. Pode ser mais. Hélio Castroneves duvidou da estratégia de seus engenheiros desde os treinos em São Paulo e acabou levando um puxão de orelhas : ” faça a sua parte e deixe a gente cuidar do resto, ok?”, ouviu o brasileiro ao ser chamado pra entrar nos pits e contestar … Respirou fundo, rezou e lá foi Helinho pros pits na nona volta da corrida. Estratégia correta pois ele no final saiu do vigésimo para o quarto lugar. Poderia ser terceiro, mas Takuma Sato tinha, além de boa estratégia, seu espírito Kamikase pra ajudar a chegar no pódio.

E o estrategista do Will Power? È ninguém menos que Tim Cindric, engenheiro prata da casa Penske, começou como treinee e hoje é o presidente da equipe. Sabe tudo da Indy, conhece profundamente os carros, os adversários e mais ainda seus pilotos. Tim trabalhava até o meio do ano passado com Helio Castroneves. Trocou pra tentar fazer Will Power não perder o título do ano passado, o que escapou por entre os dedos no final.

Neste ano é claro que a Penske quer o título. Will Power começa mais uma vez o ano de forma arrasadora, três vitórias em quatro corridas. Poderia ser ainda mais uma não fosse o erro do próprio Cindric em St. Pete quando o australiano parou nas primeiras voltas para o primeiro pit. No meio do pelotão ele se perdeu. A vitória foi de Helio no outro carro da Penske. O brasileiro trabalhou num ritmo de corrida mais lento, economizou combustível e venceu. Quatro corridas, quatro vezes Penske.

A próxima prova é em Indianápolis. Ali a participação do estrategista no resultado pode  ser ainda maior. Resistir às tentações de interferir na prova ao longo de três horas e meia de corrida, calcular não apenas o ritmo do piloto mas prever o tráfego, os pneus e prever os erros dos próprios mecânicos nos até sete pit stops. Ao piloto as decisões imediatas, mais rápidas e instantâneas: por onde ultrapassar, quando, controlar o carro na enorme turbulência nunca vivida nos treinos, só na corrida…e os retardatários. È um bocado de trabalho.

Nesse trabalho Helio Castroneves é o mais experiente e vencedor. Busca a sua quarta vitória e seria bem legal que ela viesse sem o estrategista das outras três conquistas. Em nenhuma prova e em nenhum outro campeonato o brasileiro é tão forte quanto no oval que é na verdade um autódromo com quatro curvas para a esquerda. Não tem corrida lado a lado, a pista tem um traçado ideal e à cada curva os ventos mandam aquela asa acoplada a quatro rodas para um lado diferente.

O mês de maio começa com um teste interessante para Rubens Barrichello que vai acelera no oval do Texas. Será sua primeira experiência nesse tipo de pista. Vai ser interessante observar.

Celso Miranda

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