Entrevista exclusiva com Lucas Di Grassi

quarta-feira, 22 de outubro de 2014 às 13:56

Lucas Di Grassi - Formula E

Por; Adauto Silva

Lucas Di Grassi, provavelmente um dos pilotos de ponta mais versáteis do automobilismo mundial atualmente, concedeu uma entrevista exclusiva ao Autoracing e falou sobre as duas principais categoria nas quais ele corre nesta temporda. O Mundial de Endurance e a recém-formada Formula E, primeira categoria de monopostos totalmente elétricos organizada pela FIA.

Lucas está com 30 anos de idade e é embaixador da famosa marca de relógios muito ligada ao automobilismo Tag Heuer, que atualmente também é parceira e patrocinadora do Autoracing.

1. Em primeiro lugar, Lucas, nos conte um pouco do seu início até chegar na F1.
Comecei no kart como uma brincadeira, e eu gostei muito, passando a levar a sério. Conquistei alguns títulos, como o Paulista, o Sul-Americano, e fui para os carros naquela primeira turma da Fórmula Renault brasileira, em 2002, onde fui vice-campeão com duas vitórias. Dali, para a F-3 Sudam, onde fui também vice sem ter feito a temporada inteira, pois em 2003 estreei também na F-3 Inglesa. No ano seguinte fui selecionado para fazer parte do RDD (Renault Driver Development) e disputei a F3 Européia, e fui o melhor piloto com motor Renault. Em 2005 fui terceiro colocado na F3 Europeia (Hamilton e Sutil foram campeão e vice), e venci o GP de Macau, com Kubica em segundo e Vettel em terceiro. 2006 estrei na GP2 pela Durango e 2007 fui vice-campeão pela ART. Em 2008 eu havia ficado somente como terceiro piloto da equipe Renault de F1, mas o Briatore achou melhor que eu me mantivesse em atividade, por isso entrei na Campos no meio da temporada da GP2, onde conquistei três vitórias e terminei o campeonato em terceiro, a um ponto do vice-campeão, mesmo sem ter feito seis corridas. 2009 fui terceiro na GP2 novamente e em 2010 estrei na F1 pela Virgin. Em 2011, 12 e 13 trabalhei como piloto de testes da Pirelli na F1, e em 2012 estrei pela Audi no Mundial de Endurance.

2. Por que você acha que não foi possível continuar na F1?
Infelizmente o talento não é tudo, principalmente em equipes pequenas e médias, que precisam do dinheiro e não contam com patrocinadores fortes. Então, eles dependem quase que exclusivamente dos pilotos. Como eu nunca havia precisado dispor de orçamento para correr, acabei ficando sem vaga.

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Lucas Di Grassi (em pé) em Le Mans

3. Como você foi parar na Audi correndo no Mundial de Endurance?
Surgiu como um convite da Audi Brasil para a etapa de São Paulo de 2012. Depois de uma boa performance, surgiu um contrato de longo prazo.

4. Fale um pouco sobre seu Audi R18 E-Tron Quattro. Quão bom de pilotar ele é, potência, downforce, como vocês acertam o carro para o estilo de pilotos diferentes, etc…
É um carro de 1.000 hp de potência. Um monstro, embora tenha muitas restrições de regulamento pelo fato de ser um carro com motor a diesel e também híbrido. Mas é excelente de pilotar, tem muito downforce – mais do que o F1, pelo fato de ser coberto e mais largo. Para se ter uma ideia, em Interlagos nós chegamos no final da reta praticamente na mesma velocidade de um F1, e freamos exatamente no mesmo ponto.

5. Como é pilotar em Le Mans? É a pista mais desafiadora que você já correu? O ritmo de corrida, pelo menos nas 8 primeiras horas, é aceleração total ou tem que economizar o equipamento desde o início?
Le Mans é uma pista muito desafiadora – e a corrida mais difícil que eu já fiz na vida. O ritmo é total do começo ao fim, como se fosse uma corrida de F1 – na verdade, uma temporada inteira, pois nas 24 horas nós rodamos o equivalente a todas as 20 corridas do ano do calendário da F1.

Lucas Di Grassi - Formula E

Lucas Di Grassi - Formula E

6. Como surgiu a Formula E na sua vida? Quem o convidou e quem o apoia lá?
A Formula E surgiu como um convite da FIA e do organizador do evento, para ajudar na organização do campeonato desde o inicio. Hoje em dia a FIA esta muito envolvida e vai levar adiante o campeonato.

7. Como é pilotar um carro com torque elétrico instantâneo e pneus de rua?
Muito difícil – por isso que temos 20 excelentes pilotos e ótimas equipes. Alem do mais, em corridas de rua com treinos restritos fica muito difícil achar o limite.

8. Qual foi a sensação de vencer a primeira corrida da história da Formula E?
Muito bom escrever meu nome na historia como o primeiro vencedor de uma corrida de formula elétrico na historia.

9. Qual você acha que será o futuro da Formula E?
Acho que vai ser uma categoria importante do automobilismo mas terá seu próprio nicho de atuação.

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Lucas em Las Vegas

AS - www.autoracing.com.br

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