Domingo

terça-feira, 7 de outubro de 2014 às 16:41
Momento do choque de Bianchi com o guindaste em Suzuka

Momento do choque de Bianchi com o guindaste em Suzuka

Por: Fernanda de Lima

De antemão, eu já peço desculpas pelo péssimo texto que vocês vão ler a seguir. Não estou em condições. Mas escrever é desabafar.

Como vocês estão encarando essa história terrível de Jules Bianchi? Eu estou encarando da pior forma possível, na base do “por quê?”. Estou lutando, sem sucesso, contra as lágrimas desde a manhã de domingo, dormi muito pouco pensando nas consequências desse acidente, na gravidade e no acaso completamente evitável.

Desde que comecei a escrever sobre esses sentimentos, essas vidas humanas que compõem a F1, eu nunca me senti tão impotente, tão devastada, tão emocionalmente abalada. E o correto até seria “desde que comecei a acompanhar a F1”, nada foi tão assustador quanto esse acidente de domingo.

Eu não presenciei os tempos de Ayrton Senna, não senti na pele o peso carregado por seu acidente fatal. Entendia mas não sentia. Mas agora está aí, 20 anos depois de sua morte, outro caso terrível volta a nos assombrar, e como eu disse anteriormente só consigo pensar “por quê?”. Num questionamento, numa razão sem julgamentos…

A FIA deu sopa pro azar, não há como negar. Foram dados inúmeros sinais que poderiam mudar o rumo das vidas envolvidas. A corrida poderia não ter acontecido. Poderia ter sido adiantada por causa da ameaça de um tufão. A chuva poderia ter continuado e interrompido de vez a prova. Poderia não ter chovido mais. O safety car poderia ter voltado à pista imediatamente quando o carro de Adrian Sutil escapou. A bandeira verde… O trator poderia ter atrasado a ré em 2 segundos. Ele poderia não estar ali…

Enfim, um milhão de coisas poderiam ter evitado um custo tão caro e doloroso quanto Jules Bianchi e sua família estão pagando. Desde domingo, todos nós mal dormimos aterrorizados com a facilidade que a tão segura F1 tenha sido tão imprudente num piscar de olhos. Ainda que as falhas, num conjunto da obra, não venham de hoje, quando elas atingem, atingem em cheio…

A situação é muito delicada para Jules. Os culpados têm de ser punidos. No entanto, em meio a tantos pensamentos e julgamentos avulsos, nos resta orar, torcer, pedir, suplicar ou o que quer que se faça para presenciar um milagre.

pit stop: O GP da Rússia já acontece nesse final de semana. O show tem de continuar mesmo? Eu não estou preparada (e não vou estar por um longo tempo). Só consigo lembrar dos semblantes assustadores dos pilotos ao fim do GP do Japão…

pit stop 2: A vida tem um timing misteriosamente assustador: no mesmo momento em que é confirmada a lesão axonal difusa no cérebro de Bianchi, Jean Todt declara “que Schumacher está no curso para ter uma vida relativamente normal de novo em breve. Provavelmente ele nunca mais dirigirá um Fórmula 1 de novo, mas ele está brigando”.

#PrayForJules

Fernanda de Lima

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