Dinheiro nunca falou tão alto na Formula 1

terça-feira, 22 de janeiro de 2013 às 16:58
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Formula 1

(Reuters) – A súbita saída de Timo Glock da Marussia revelou outra vez mais uma verdade milenar da Formula 1 – que o dinheiro faz as rodas girarem – e destacou o abismo entre os ricos detentores de caixa e as equipes pequenas.

Paixão, brilho, engenharia e trabalho árduo só podem ir longe se forem pagos. No final, as equipes estão sempre perseguindo os dólares dos patrocínios, mesmo quando elas conseguem manter os seus rivais para trás na pista.

Glock foi pago para guiar pela Marussia, mas a equipe deixou claro em um comunicado nesta segunda-feira, que era um luxo que eles não podiam mais arcar, ao custo de colocar sua sobrevivência em jogo, sob duras condições econômicas.

O alemão tornou-se uma anomalia em um grid cujo cada pequeno e médio assento estão sendo cada vez mais preenchidos por pilotos que trazem ‘orçamento’ com eles.

“Os desafios atuais encarando a indústria significam que tivemos de dar passos visando assegurar nosso futuro de longo prazo”, disse o chefe da equipe, John Booth, em comunicado.

“As condições econômicas difíceis prevalecem e o cenário comercial é difícil para todos, inclusive para as equipes da Formula 1″.

A Marussia, uma das três “novas” equipes que foram incentivadas a entrar no esporte em 2010, com a promessa de um teto orçamentário e condições favoráveis ​​que rapidamente se evaporaram, tem o menor orçamento de todo o grid atual.

Que no entanto, ainda se traduz em cerca de US$ 70 milhões por temporada, e por ter terminando em 11º atrás da Caterham no ano passado, deixou de ganhar milhões em prêmios divididos entre as 10 melhores equipes.

A equipe não fez segredo quando contratou Max Chilton, da Grã-Bretanha, para estrear na F1 nesta temporada, que ele precisaria de apoio para garantir o assento. E a saída Glock lhes permitirá trazer o tão necessário dinheiro para o segundo assento também.

Mas a Marussia não está sozinha, com vagas ainda em aberto na Force India e Caterham, com ambas as equipes avaliando um número de candidatos que tenham tanto a super licença da FIA quanto apoio financeiro.

O fracasso da equipe espanhola HRT, que tinha o indiano Narain Karthikeyan e chinês reserva Ma Qing Hua ajudando a pagar as contas do ano passado, antes de fechar, mostrou o quão vulnerável algumas equipes estão em um esporte cuja receita excedeu US$ 2 bilhões no ano passado .

Contra esse pano de fundo, com nenhuma das três novas equipes (Marussia, Caterham e HRT) marcando um ponto em três temporadas e outras acima delas também sentindo o aperto, as decisões sobre os pilotos concentraram-se em mais do que apenas talento e experiência.

“Essa é a maneira que a F1 funciona no momento. Espero que isso mude em breve, pois assim não tem nada a ver com esporte!” Glock disse no Twitter na segunda-feira em uma mensagem ao australiano da Red Bull, Mark Webber, que depois foi excluída.

Outros pilotos conhecidos se solidarizaram com o alemão, um veterano de 91 corridas e detentor de três pódios para a Toyota.

“Nós sabemos que muitos pilotos sabem que para chegar na Formula 1 eles precisam ter patrocinadores, eles precisam ter dinheiro, especialmente nas equipes pequenas”, disse Felipe Massa da Ferrari, em um chat de vídeo no site da equipe italiana.

“E sinceramente isso não é uma grande coisa para a Formula 1 e talvez seja parte do lado comercial.”

O piloto pagante não é um fenômeno novo, e de fato alguns dos maiores nomes da Formula 1 eram dessa categoria quando começaram.

O austríaco tricampeão Niki Lauda, ​​agora uma peça chave na gestão da equipe Mercedes, pagou somas substanciais para a equipe March para andar de F2 e F1 no início dos anos 70.

Em 1974 ele estava correndo para a Ferrari e estava sendo muito bem pago pelo seu talento.

O sete vezes campeão mundial Michael Schumacher fez sua estréia pela Jordan em 1991, depois do dinheiro ter mudado de mãos, enquanto o venezuelano Pastor Maldonado, o mexicano Sergio Perez e o russo Vitaly Petrov foram todos apelidados de pilotos pagantes.

Maldonado é agora um vencedor de corrida para a Williams, Perez substituiu Lewis Hamilton na McLaren e o 11º lugar de Petrov para a Caterham no Brasil em novembro deu a sua equipe o 10º lugar no campeonato e muitos milhões em premiação.

Damon Hill, campeão de 1996 com a Williams, não é o único a expressar preocupação de que o dinheiro pode agora estar falando alto demais em um esporte que deve ser uma arena para os melhores pilotos do mundo.

“Não daria certo no futebol”, disse ele à Reuters no ano passado. “Se você quiser jogar como centroavante pelo Manchester United, você ainda tem que ser muito bom.”

“Este esporte sempre foi complicado sob esse ponto de vista e eu não sei qual é a solução”, acrescentou o britânico, que também trouxe um patrocinador pessoal com ele quando ele se juntou à Williams em 1993.

“Haverá sempre a necessidade de mais dinheiro quando os riscos aumentam porque as pessoas querem ser mais competitivas. Todo mundo é piloto pagante até chegar na F1.”

Por Alan Baldwin

AS - www.autoracing.com.br

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