Dakar 2011 – Os Russos Insanos

sábado, 1 de janeiro de 2011 às 20:25

dakar2011-kamazmaster-caminhEles são altos, corpulentos, de pele muito branca contrastando com seus uniformes muito azuis. Eles não falam nada alem de russo, têm uma serpentina de chopp no seus caminhões de apoio e dominam o rali mais difícil do mundo, com oito vitórias nas últimas dez edições: eles são a equipe Kamaz Master no Dakar.

O esquadrão da Red Bull Kamaz é formado por três caminhões, cada um operado por um trio – um piloto, um navegador e um mecânico. O terceiro tripulante é imprescindível por um motivo quase prosaico: dois homens sozinhos não conseguem trocar um pneu desses mastodontes de 9,5 toneladas.

Mas o peso não é o único número impressionante dos caminhões Kamaz. Os motores turbodiesel V8 deslocam 18.5 litros – a título de comparação, os maiores motores da Fórmula Truck brasileira deslocam apenas 12 litros –, suficientes para gerar 850 cavalos de potência, ou cerca de 100 a mais que um carro de Fórmula 1, canalizados para as quatro rodas através de um câmbio de 16 marchas.

Tanta potência precisa ser alimentada, e a caçamba dos caminhões carrega um tanque de combustível que mais parece uma caixa d’água. São mil litros de capacidade.

Atrás do volante de cada uma das três bestas, três russos: Vladimir Chagin, Firdaus Kabirov e Eduard Nikolaev. Os dois primeiros dividem as vitórias da equipe até hoje, com seis para Chagin, o atual campeão, e duas para Kabirov. Nas edições sul-americanas do Dakar, a dupla está empatada – Kabirov venceu em 2009 e Chagin em 2010.

É Chagin a indubitável estrela da equipe, contudo. O piloto de 40 anos, natural da pequena cidade de Nytva, desenvolveu uma reputação impressionante entre seus pares. O brasileiro Maurício Neves, ex-piloto da VW no Dakar, recorda uma ocasião em que, ao descer com seu VW Touareg uma estrada de encosta de montanha ao estilo “caracol”, foi surpreendido pelo Kamaz de Chagin descendo montanha abaixo – em linha reta! A imagem do caminhão azul acelerando na velocidade máxima de 165km/h através do deserto, ignorando obstáculos ao invés de contorná-los, é realmente uma das visões únicas do Dakar.

“Este ano temos um caminhão novo, com várias modificações”, revela o russo através do seu intérprete. “A potência está um pouco maior, mas isso não é o mais importante. O caminhão novo é bem mais dócil e por isso mais fácil e confortável de guiar por longas distâncias”.

E, para azar dos concorrentes, Chagin segue encantado com a mística do Dakar: “Em apenas duas semanas desse rali você passa por uma quantidade de experiências e situações equivalentes a anos de aprendizado em uma vida ‘normal’…”

EB – www.autoracing.com.br

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