Bagunça na Indy e outros pitacos

segunda-feira, 18 de junho de 2012 às 21:04
Indy em Milwaukee 2012
Indy no Texas Motor Speedway

Conteúdo patrocinado por: selopatrocinio

Uma das coisas que fazem o público acompanhar um esporte é o fato de se conhecer as regras do jogo, até pra poder torcer e avaliar as estrelas, escolher pra quem se vai torcer, pra saber a história de cada evento. Mas o que fazer quando as regras do esporte não são claras?

A Indy está escorregando nesse item. Ao final da corrida do Texas, sábado passado, o carro do vencedor foi analisado e estava fora do regulamento. Era “apenas” um apêndice aerodinâmico do lado esquerdo do carro, coisa boba, mínima, mas … estava fora. Na minha avaliação não existe meio fora, um pouco fora ou muito fora do regulamento. Ou está dentro ou está fora, simples. Mas para a direção da Indy uma multinha de sete mil e quinhentos dólares e cinco pontos para a equipe serviram como punição.

No último sábado, na vitória de Ryan Hunter Reay em Milwaukee, o absurdo da interpretação da regra tirou a chance de vitória de um dos líderes do campeonato, o neozelandês Scott Dixon. Numa das relargadas ele teria se antecipado, queimando a relargada, mas isso só aconteceu porque a relargada não valeu e o piloto a frente dele, EJ Viso tirou o pé do acelerador deixando Dixon ao lado dele. Isso mesmo punido por ter queimado uma relargada que não valeu!!  

O Media Guide da categoria indica que as relargadas são válidas a partir do ponto médio da curva que antecede a reta principal nos circuitos ovais. Em Milwaukee os pilotos esperavam passar pela linha de largada pra acelerar. Saiam portanto muito lentos para a primeira curva. Essa  variação de aplicação e interpretação de regras, além de aplicação de punições deixam no ar a impressão de manipulação, de arranjo, de acerto. E isso traz insegurança para todos os participantes e menor interesse por parte do público.

Quando Scott Dixon deu sua entrevista ao final da prova de Milwaukee ele evidentemente estudava as palavras pra não cometer o erro de criticar quem poderia depois puni-lo ainda mais. Mas estava atônito, pois o que teria ele feito de errado? Ele não sabia e chegou a dizer que ainda temos muitas zonas cinzentas nas regras.

Quando o novo diretor de prova Beaux Barfiled assumiu o cargo de diretor de provas ele mesmo disse que quem tomava as decisões era ele. Até tem três conselheiros na sala da direção, mas ele os ouve e toma suas decisões. Barfiled, vocês sabem, entrou na categoria no lugar de outro diretor de prova que estava sendo muito criticado, Brian Barnhart. Ao contrário de Beaux, Brian tomava suas decisões em consenso com os conselheiros e isso fazia com que as decisões demorassem muito pra ser tomadas e anunciadas. E ainda assim tínhamos áreas cinzentas na aplicação das regras, como no caso da impossibilidade de mudar a trajetória do carro pra defender se de ultrapassagens. Trocaram as moscas…

MAIS MUDANÇAS
No próximo final de semana os treinos classificatórias para a prova de Iowa serão realizados em forma de baterias classificatórias, mini corridas de trinta voltas pra determinar o grid com diferença do lado da pista que os pilotos vão largar, par e ímpar. Já complicou, não é?

No meio do campeonato essa mudança não traz nenhuma vantagem para a imagem da categoria junto ao público. Será que mais gente vai querer ver os treinos de sábado por causa das três corridas? Pode até ser, mas e depois disso?

Do ponto de vista técnico acho até interessante para as equipes prepararem os carros para essas corridinhas,  pois elas vão dar mais dados para a preparação para a corrida. Quando o carro vai sozinho pra pista no treino classificatório clássico, à moda de Indianápolis, o carro tem uma preparação bem diferente e que não vale pra corrida.

O problema é que essa será a terceira forma diferente pra definir o grid. Já tivemos a definição grid pelo tempo da uma volta, duas voltas somadas, média de duas voltas e tempo total de quatro voltas, média delas. Fica difícil acompanhar a categoria, criar uma maior base de fãs sem saber qual vai ser a próxima forma de definir o grid. Tudo bem que estão tentando atrair mais público, dar uma mexida, revigorar,  mas é muita mudança em pouco tempo e muitas mudanças criam essa cara de categoria indefinida, em formação.

Em cima disso ainda temos o cancelamento da corrida na China e a indefinição sobre a substituição ou não desse evento. Parece coisa de amador, infelizmente. Falta planejamento e isso gera pequenos erros no melhor estilo da falecida CART.  

FORMULA UM                                                 
Vou completar o mau humor com o qual começo esta semana alertando para o que pra mim é um problema. Ninguém da Pirelli deveria apontar um favorito pra vencer uma corrida. Do jeito que o gerenciamento do desgaste dos pneus tem sido importante pra vitória, qualquer indicação por parte deles pode gerar especulação. Para a corrida de Valencia indicaram o Schumacher…

MOTOGP
Com a falta de competitividade nas pistas e a evidente marcha de Jorge Lorenzo rumo a mais um título, ele venceu tranquilo a corrida de ontem em Silverstone, o que resta é falar sobre a cada vez mais clara ida de Valentino Rossi para a Honda.

Valentino saiu da equipe em 2004 falando que o mais importante para vencer corridas de moto era o piloto e não a moto. Falou e venceu logo a primeira corrida pela Yamaha em 2005 e faturou o título da temporada. Comprovou o que disse. Lembrando que apensar de dizer que a moto não é tão importante, Rossi trouxe da Honda um time de técnicos competentes e que sabem exatamente como é a moto que ele gosta e como fazer essa moto.

No final de 2010 encarou o desafio de trocar a vencedora Yamaha, já de amores com Jorge Lorenzo, pela Ducati. A ideia era conquistar o décimo título com a máquina italiana. Mas a filosofia de Rossi encontrou uma máquina complicada definida por engenheiros sem muita vontade de ouvir o gênio piloto ou o time de técnicos que ele de novo trouxe com ele da Yamaha. Resultado…nada. Neste ano ele passa pela mesma dificuldade, apesar do segundo lugar em Le Mans na França e das muitas mudanças em sua moto.
Muitos achavam impossível sua volta pra Honda, mas além de seus maus resultados, o fato da Honda ter trocado todo seu staff de comando parece facilitar a negociação. Só ficou ruim pro Rossi o fato dessas negociações terem avançado depois que a Honda recebeu um não de Jorge Lorenzo, que aproveitou e renovou seu contrato com a Yamaha.

Rossi não é a primeira (seria Stoner que vai se aposentar), nem a segunda , mas a terceira opção da Honda. Faz diferença? Se for campeão no ano que vem com a Honda isso só vai servir pra dar ainda mais brilho pela conquista…
 
MOTO 2
O brasileiro Eric Granado estreou no mundial neste final de semana em Silverstone. Chegou em último mas não tomou volta. Resultado louvável no início do aprendizado. Só acho que poderia muito bem esperar mais tempo pra estrear no mundial.

Celso Miranda

Quer comentar a coluna com o Celso? Escreva para celso.miranda@autoracing.com.br

AS – www.autoracing.com.br

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