Análise: Relargadas paradas são boas para a Formula 1?

sexta-feira, 27 de junho de 2014 às 10:25

Grid do GP do Canadá

Os planos de introduzir relargadas paradas após períodos de safety car na próxima temporada da Fórmula 1 deram início a um debate: a paridade esportiva e a segurança estão sendo sacrificadas pelo espetáculo?

Em meio às preocupações crescentes sobre a queda da audiência televisiva e às dificuldades para atrair uma nova geração de fãs, as equipes vêm trabalhando em maneiras de melhorar o espetáculo da categoria.

Houve testes com placas de titânio que soltam faíscas, tentativas de aumentar o barulho dos motores V6 turbo e um novo plano para aumentar a emoção das relargadas com um realinhamento dos carros no grid – que foi aprovado pelo Conselho Mundial de Automobilismo da FIA na quinta-feira.

A mudança deverá ter uma influência significativa nas corridas do próximo ano. Aqui, analisamos as implicações.

SEGURANÇA

A segurança é uma grande preocupação da FIA, mas alguns pilotos estão preocupados com o risco das relargadas paradas.

Romain Grosjean, da Lotus, declarou: “Não sei se eles nos deixarão trocar os pneus ou não na relargada, mas se isso não for permitido, a segurança será complicada, porque os pneus podem estar desgastados e frios. Precisamos melhorar o espetáculo, mas talvez de uma maneira diferente. Mais do que todos, nós pilotos adoramos o show e muitas ultrapassagens, mas não queremos nada perigoso”.

Jenson Button avalia que as relargadas paradas irão melhorar o espetáculo, mas também está preocupado com as implicações de segurança.

“Vai ser difícil para todos nós manter o carro apontado na mesma direção na largada, e isso pode provocar confusão”, avisou ele. “Será melhor para a TV, mas uma regra em relação aos pneus talvez seja necessária”.

PROBLEMAS TÉCNICOS

Alguns pilotos levantaram temores em relação a quebras dos carros em largadas paradas repetidas, mas Rob Smedley, chefe de performance do veículo da Williams, acredita que a Fórmula 1 vai se adaptar facilmente às novas exigências.

“Não é como nos velhos tempos, quando as embreagens eram frágeis – todos possuem embreagens bastante robustas agora”, disse ele. “Você pode perder performance naquela segunda largada, porque há o desgaste da embreagem, mas todos estarão no mesmo barco”.

“É a Fórmula 1, portanto todos irão trabalhar para tornar suas relargadas melhores do que as dos outros. É a natureza da competição. Vamos enfrentar desafios técnicos, mas todas as equipes são suficientemente grandes para superar isso”.

ARTIFICIAL DEMAIS?

Relargadas paradas provavelmente são uma desvantagem ainda maior para o líder do que o procedimento atual do safety car, e Daniel Ricciardo, vencedor do GP do Canadá, sente que elas podem prejudicar demais.

“Provavelmente, não é a ideia mais justa”, disse ele. “Pode ser mais empolgante, porque há um pouco mais de variabilidade com uma largada parada, mas, para mim, é um pouco artificial demais. Se você estiver liderando e houver uma relargada parada, pode cair para terceiro ou quarto. É uma desvantagem muito grande para alguém que conquistou a liderança”.

Tanto o atual campeão mundial Sebastian Vettel quanto o líder do campeonato Nico Rosberg enfatizaram a necessidade de garantir que os melhores pilotos continuem no topo.

“Eu compreendo que a largada é um dos momentos mais empolgantes para os fãs, mas isso é ir longe demais com as coisas”, declarou Rosberg. “Gosto de corridas puras, como elas têm sido nos últimos 50 anos. Deveria continuar como está agora”.

Vettel acrescentou: “A vantagem em termos de espetáculo é discutível. As corridas não ficaram mais empolgantes neste ano do que nos anteriores. A Fórmula 1 sempre foi o topo do automobilismo, e você quer garantir que o piloto mais rápido vença – então, precisa criar uma fórmula que permita ao piloto mostrar sua habilidade”.

 

LS - www.autoracing.com.br

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