Análise: Por que as equipes pequenas não podem bancar a Formula 1

terça-feira, 28 de outubro de 2014 às 10:37

Sauber, Caterham e Marussia

A Fórmula 1 sempre foi um esporte caro, mas a ausência de Caterham e Marussia do grid de Austin reabriu o debate a respeito da sustentabilidade de seu modelo de negócios.

A perda de uma equipe poderia ser atribuída a circunstâncias isoladas, mas o fato de duas competidoras terem sido colocadas nas mãos de administradores em apenas alguns dias é uma indicação clara de que alguma coisa está errada.

Isso ocorreu em meio às repetidas advertências desde o começo da temporada de que as finanças da Fórmula 1 estavam fora de controle, principalmente depois que Jean Todt, presidente da FIA, revelou que os esforços para implementar um teto orçamentário haviam sido abandonados por causa da resistência das equipes grandes.

Essa decisão deixou as equipes pequenas bastante irritadas – em um momento de queda do dinheiro de patrocínio, os custos para competir estavam sendo impulsionados pela guerra de gastos na frente do grid, além da chegada dos novos motores V6 turbo híbridos.

Apesar de sempre ter sido desafiador conseguir os orçamentos necessários para competir na Fórmula 1, a desconexão entre o que as equipes podem ganhar e o que estão gastando nunca foi maior. Durante os esforços das equipes menores para convencer Todt a insistir no teto orçamentário no começo deste ano, elas revelaram os custos reais de correr na categoria.

Uma carta escrita a Todt por Caterham, Marussia, Sauber e Force India detalhou como a Fórmula 1 está cara. Ela forneceu um exemplo dos gastos atuais de uma equipe intermediária – excluindo salários dos pilotos, aluguel de prédios, hospitalidade, marketing e mídia.

As despesas de uma equipe intermediária são as seguintes (valores em dólares):

Sistema de potência híbrido – 28 milhões
Caixa de câmbio e hidráulica – 5 milhões
Combustível e lubrificantes – 1.5 milhão
Pneus – 1.8 milhão
Eletrônica – 1.95 milhão
TI – 3 milhões
Salários – 20 milhões
Viagens e instalações na pista – 12 milhões
Produção e fabricação do chassi – 20 milhões
Instalações de túnel de vento e fluidodinâmica computacional – 18.5 milhões
Utilidades e manutenção da fábrica – 2 milhões
Serviços profissionais – 1.5 milhão
Carga – 5 milhões

Total – 120.25 milhões

É claro que gastos tão altos só se tornam um problema se não forem cobertos pela renda, e é nesse ponto que grande parte do problema atual se materializou. A renda dos direitos comerciais da Fórmula 1 é de apenas 55 milhões de libras – aproximadamente a metade do custo de competição – para uma equipe média como Sauber ou Toro Rosso.

Em meio aos problemas financeiros globais e à falta de patrocínio, a diferença entre a renda e os custos se tornou grande demais. A economia da Fórmula 1 não funciona mais. Caterham e Marussia pagaram o preço por enquanto, mas também há sinais de alerta em outros lugares.

A Williams teve um prejuízo de 20 milhões de libras na primeira metade do ano, e apenas um corte de custos dramático na Lotus impediu que ela entrasse ainda mais no vermelho.

Mas a menos que a categoria encare o fato de que existe um problema fundamental em sua estrutura, não haverá ímpeto para mudar a maneira como as equipes correm o risco de ir à falência.

 

LS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.