A lenda dos motores congelados

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 às 3:25
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Compressor, motor, turbina e cambio da Mercedes

Por: Adauto Silva

Afinal, os motores da F1 estão congelados ou não?

De acordo com Christian Horner e de quem quer que seja que estiver sentado na cadeira de chefe de equipe em Maranello, sim, os motores estão congelados.

De acordo com a realidade, não, os motores não estão congelados.

O Autoracing publicou ontem uma matéria que explica bem essa questão. Basicamente as equipes puderam desenvolver os motores durante o ano de 2014 – que ainda não acabou – e então inciar 2015 com sua melhor evolução.

Tendo ouvido a retórica de Horner e da Ferrari, isto pode parecer uma surpresa para muitos fãs da F1. Na verdade, cerca de 47% do motor pode ser totalmente substituído ou renovado, enquanto os outros 53% ainda estão sujeitos às normas usuais, que frequentemente permitem que os componentes sejam “atualizados” por razões de “segurança” e “durabilidade”.

E quem definiu essas regras? Foi a FIA? Não, foram as próprias fabricantes Mercedes, Ferrari e Renault em conjunto, quatro anos atrás.

Dado este nível de liberdade – que desconfigura o termo ‘congelamento’ -, as ameaças de Christian Horner de que a divisão de motores da Renault e da Ferrari farão uma “guerra financeira total” contra a Mercedes em 2016 parecem totalmente vazias.

A Renault, apesar de ter contratado os serviços de um especialista de renome – Mario Illien -, não vai sequer conseguir usar o número total de tokens permitidos (ou seja, 47% do motor) nos testes que começam em 1 de fevereiro de 2015 em Jerez. E a Ferrari está no mesmo caminho.

Boatos de dentro de Maranello sugerem que a Ferrari vai apresentar em 2015 um desenho de motor mais parecido com o da Mercedes, embora, como tem sido esperado há algum tempo, Nikolas Tombazis está deixando a equipe. Apesar de tudo, Sebastian Vettel descreveu seu primeiro dia com a equipe italiana como “mágico”.

A voz não oficial da Ferrari, o jornalista italiano Leo Turini, escreveu as seguintes palavras de uma fonte não identificada de dentro de Maranello. “No meio de toda essa euforia, não devemos nos esquecer de pedir desculpas antecipadamente para Seb e Kimi pelo carro que irão guiar em 2015.”

É claro que os fãs da Ferrari, de Vettel e de Kimi podem agarrar-se à esperança de que após a demissão em massa que houve em Maranello, incluindo o ex-diretor de motores Luca Marmorini, vários engenheiros da Mercedes foram contratados.

O problema é que a arquitetura do motor Mercedes não pode ser completamente imitada sem algum relaxamento das normas vigentes, embora a Mercedes tenha oferecido a liberação de 5 tokens adicionais para Ferrai e Renault, que no entanto, rejeitaram a oferta.

Veja a arquitetura da unidade de potência da Mercedes e seus benefícios neste vídeo (em inglês)

A questão é: Ferrari e Renault devem ser autorizadas simplesmente a copiar o desenho do motor Mercedes, ou devem receber a devida recompensa (o título) por entregar uma solução melhor hoje, na era da nova unidade de potência (UP) V6 Turbo?

Aqui está um rápido resumo do regulamento de desenho e redesenho dos motores tal como estão:

A UP é dividida em 66 componentes (tokens) e a cada um é dado um peso de 1,2 ou 3.

Para 2015, as equipes foram autorizados a redesenhar e/ou alterar 32 desses tokens. A Mercedes ofereceu permitir 5 tokens a mais, mas Ferrari e Red Bull queriam 12 a mais. Não houve acordo.

A partir do momento em que os motores foram homologados em fevereiro deste ano, as equipes ficaram livres para trabalhar na alteração dos motores para 2015.

A cada ano o número de tokens disponíveis para alteração será reduzido em cerca de 9%. Assim, até 2018 haverá 15 tokens disponíveis que poderão ser mudados – em torno de 23% do motor.

Adauto Silva

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